Duração do novo filme de Martin Scorsese foi o estopim para a discussão

Por Nathan Nunes

No último dia 24 de novembro, uma discussão tomou conta da comunidade cinéfila no X, antigo Twitter, quando viralizou o trecho de um vídeo da influenciadora Carol Moreira falando sobre o filme “Assassinos da Lua das Flores”

No trecho, ela sugere que a obra dirigida por Martin Scorsese poderia ter sido estendida no formato de uma minissérie, devido a sua duração de 3 horas e meia. Os comentários de Carol imediatamente geraram uma série de controvérsias, sobretudo uma em particular: porque o público atual está rejeitando filmes longos?

Para Maitê Mendonça, jornalista de Cinema e dona do blog Final Girl, a razão para o problema está ligada a uma mudança na maneira como as novas gerações consomem o Cinema. “Existem estudos que mostram que a atenção humana está mudando por causa do uso excessivo de dispositivos tecnológicos. Já fui [ao cinema] e tive a minha experiência prejudicada, pois as pessoas ao meu redor não largavam o celular. Ficavam mexendo nas redes sociais enquanto o filme estava sendo exibido. E isso ocorre independente da duração.”

Maitê argumenta que essas mudanças são derivadas do vício em dopamina do cérebro humano. “O espectador busca satisfação instantânea. Por isso, boa parte da audiência não consegue se engajar com conteúdos mais longos. Eles ficam impacientes e tendem a escolher formatos mais curtos.”

Já para Raissa Ferreira, editora e crítica de Cinema da Revista Singular, a resposta é mais complexa e está ligada a um padrão de consumo do público. “Hoje em dia, é impensável para muitas pessoas algo que não seja dinâmico e fique o tempo todo segurando a atenção, e que também valide suas crenças e pensamentos.” 

“Assim, a pessoa pode nem saber sobre o que um filme é, mas se ele não for um blockbuster de ação, ela já vai supor que as mais de duas horas serão arrastadas. Em contrapartida, filmes de ação ou de super-heróis já passam dos 120 minutos sem assustar o público, pois esse já sabe o que esperar. Não vai ser um filme que te leva a refletir demais que vai ganhar a briga, e sim um que tem interesses comerciais mais fortes por trás”, complementa Raissa. 

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