Mesmo com o calendário mais recente de revitalizações, situação atual do ginásio Thomeuzão enfatiza o descaso da prefeitura municipal com a manutenção do patrimônio público guarulhense

Por Maria Clara Alves

Vista do ginásio Paschoal Thomeu no bairro Bom Clima, localizado no município de Guarulhos. (Foto: Maria Clara Alves)

Graças aos investimentos em infraestrutura e no aprimoramento de práticas esportivas diversas, Guarulhos recebeu, na década de 90, o título de Capital do Esporte Amador –  mas com o tempo essa imagem mudou. O descaso com a diversificação das alternativas de lazer destinadas à população, somado às políticas públicas insuficientes de incentivo e permanência aos atletas guarulhenses, explicita e demonstra a não priorização do esporte no plano de governo municipal.

A exemplificação mais simbólica do descaso com os espaços públicos para a população está materializada na situação atual do ginásio poliesportivo Paschoal Thomeu, popularmente referido como Thomeuzão pelos guarulhenses. O lugar que já recebeu nomes de prestígio durante o seu período de pleno funcionamento, como o show da banda Mamonas Assassinas, hoje é lar de dejetos, vegetação alta que carece de aparar e iluminação precária em seus arredores, trazendo sensação de insegurança e revolta para moradores.

Apresentação do Mamonas Assassinas no ginásio Paschoal Thomeu, considerado o maior da cidade ao comportar 2,5 mil pessoas. Registro de 6 de janeiro de 1996. (Foto: Fernandinha Silva)

O ginásio, que também carece de reparos em sua estrutura interna (telhado, quadra, banheiros e arquibancadas), está interditado há anos e opera com a capacidade reduzida desde 2014. A incidência da pandemia do Coronavírus no ano de 2021 também teria agravado esse cenário, uma vez que ocasionou na continuidade do atraso e adiamento das obras de reforma prometidas pela prefeitura. 

Quando questionada sobre os desdobramentos do adiamento das obras para a população guarulhense, Eleticia de Jesus Alves, residente da cidade há mais de 30 anos, relata que “o local já não era muito seguro, e com a pandemia, piorou. O movimento que ainda tinha lá, de pessoas que frequentavam o ginásio, com a pandemia não teve mais; e aí eu acredito que a situação de abandono do local piorou mais ainda, e a violência aumentou em função disso”.

Entulhos acumulados na parte de dentro do ginásio. (Foto: Maria Clara Alves)

Para o também morador Francisco Alves, “falta acompanhamento na fiscalização de obras pela prefeitura e pelos vereadores, na situação do Thomeuzão”. Ele explica também que “a população foi prejudicada com o não aproveitamento (das reformas)”. Simultaneamente a esse cenário de más condições de uso, falta de transparência e estagnação das obras, os demais ginásios esportivos da cidade permanecem sendo compartilhados entre atletas de diferentes modalidades para a realização de treinos, com alguns sendo cedidos pela iniciativa privada. 

No mais, eventuais gastos com equipamentos são, em sua maioria, totalmente custeados pela família dos atletas, sem ressarcimentos significativos por parte dos órgãos municipais competentes.

Atualmente, conforme previsto no cronograma administrativo municipal, as obras de reparo estão previstas para serem retomadas a partir do primeiro trimestre de 2024, e o ginásio deve voltar à ativa a partir do segundo semestre deste ano.

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