Terceira Edição do projeto “Agrishow pra elas” traz histórias sobre a presença feminina na produção de café brasileira
Por Fernanda Sampaio Lourenço

Stand da Agrishow em Ribeirão Preto (Foto: Fernanda Sampaio Lourenço)
A 29ª edição da maior feira internacional de tecnologia agrícola da América Latina aconteceu em Ribeirão Preto, ocorrida entre os dias 29/04 a 03/05, reuniu produtores, engenheiros e cientistas agrícolas. Conhecido como Agrishow, o evento abriu as portas para o público brasileiro descobrir mais sobre o agronegócio e suas novas tecnologias, trazendo stands de exposição de produtos e palestras sobre os mais variados temas dentro das áreas.
O Projeto “Agrishow pra Elas”, que estreou na feira em 2021, trouxe palestras e bate-papos de mulheres para mulheres sobre a experiência no agronegócio. A iniciativa partiu da Show Manager, Marilda Meleti, que criou um espaço exclusivo para dar voz e incentivar o setor feminino no agronegócio. De acordo com dados do IBGE (2017), 30% da força de trabalho do serviço agrícola brasileiro é feminino, o que representa que as mulheres fazem grandes contribuições para uma das maiores economias do país. Neste ano de 2024, o projeto trouxe a história das mulheres na cafeicultura, contando suas dificuldades e conquistas no processo.
O grupo MOBI (Mulheres Organizadas em Busca de Igualdade), criado em 2006 dentro da corporativa Coopfam foi responsável por apresentar suas iniciativas no stand da “Agrishow pra elas” neste ano, contando a história de mulheres que buscam espaço na cafeicultura brasileira. Em 2014, a comunidade criou a marca de café chamada “Feminino”, atualmente classificado como café especial pela SCA (Specialty Coffee Association) e disponibilizou a bebida para aqueles que se interessaram durante as apresentações no stand.

Embalagem do café “Feminino” produzido pelo grupo MOBI (Foto: Fernanda Sampaio Lourenço)
A feira contou com diversas personalidades femininas importantes, como Monaliza Pelicioni, jornalista especialista em marketing digital para o agronegócio e também embaixadora da Agrishow de 2024, que em entrevista contou um pouco sobre as dificuldades de fazer parte de projetos majoritariamente masculinos.
“Com mais de uma década dedicada ao setor, nunca deixei que ser mulher me impedisse de ser ouvida. Mesmo que a presença feminina no campo ainda seja menor em comparação com a masculina, encaro isso como uma oportunidade valiosa para reforçar o papel essencial das mulheres nas tomadas de decisão”, afirmou a jornalista.
A publicitária e embaixadora da Agrishow, Andressa Biata, conta que não foi incentivada quando jovem a adentrar no mundo do agronegócio, mesmo com sua família sendo da área.
“No fundo, foi assim, eu sempre soube que o agro estaria na minha vida porque vem da família, só que para mim ele seria minha aposentadoria”, revelou Andressa.
Casos como o dela são os mais comuns dentro das variadas profissões que juntam mulheres e agronegócio, uma vez que o estereótipo de que o trabalho na pecuária é bruto e masculino. O cenário atualmente está mudando, revelando que figuras femininas estão cada vez mais presentes e são essenciais para a área. “Estamos assumindo papéis de liderança, quebrando barreiras e transformando o cenário do campo, mostrando que somos agentes de mudança e inovação, fundamentais para o progresso e sustentabilidade do setor”, destacou Monaliza a respeito da participação feminina no agronegócio.
Em 2024, o evento contou com a presença de 195 mil pessoas e alcançou R$13,6 bilhões em negócios. A feira acontecerá novamente em 2025, trazendo novas tecnologias, personalidades e especialistas para inovar o mercado e conhecimento agrícola dos produtores. Espera-se que a 4ª edição do projeto “Agrishow pra elas” seja tão inédita quanto a de 2024.
