Candidatos mais votados, Sergio Massa e Javier Milei, se enfrentam nas urnas no próximo domingo, dia 19 de Novembro
Por Luiz Nascimento
O primeiro turno das eleições argentinas aconteceu no dia 22 de outubro. Neste, foi definida a necessidade de um segundo turno, já que nenhum dos candidatos conseguiu mais de 45% do total de votos válidos ou 40% com um percentual maior de 10 pontos em relação ao segundo colocado. Os dois mais votados foram Sergio Massa e Javier Milei, que se enfrentam nas urnas no próximo domingo, dia 19 de Novembro.
Nesse primeiro turno, a disputa girava em torno de três candidatos favoritos, sendo o primeiro, com 36,68% dos votos, Sergio Massa, que é o atual ministro da economia do país e é membro do partido Unión por La Patria. O segundo é Javier Milei, que teve 29,98% do total de votos, já tendo sido eleito deputado no ano de 1999, hoje é membro e líder do partido A Liberdade Avança. Em terceiro, Patricia Bullrich, do partido Juntos por el Cambio, que ficou com 23,83% dos votos. Bullrich já ocupou vários cargos políticos, entre eles os ministérios do trabalho e segurança.
Debate Final

Javier Milei à esquerda e Sergio Massa à direita no debate presidencial.
Foto: Reprodução – YouTube/CámaraNacionalElectoral
Nas eleições argentinas, a participação dos presidenciáveis em debates oficiais é obrigatória, podendo levar a desclassificação do candidato caso este não compareça aos mesmos. Cada turno da eleição conta com pelo menos um debate oficial, tendo o do segundo turno ocorrido no dia 12 de novembro, em Buenos Aires.
Este último debate foi bem mais acalorado, já que com apenas dois candidatos, os ataques eram diretos, situação diferente da acontecida no debate das eleições primárias, que foi considerado morno, sem grandes intrigas. Confira mais sobre o debate oficial das eleições primárias aqui.
Neste debate, Massa confrontou Milei sobre seus posicionamentos radicais, pois suspeitava que o candidato de extrema direita voltaria atrás em suas falas. Porém, ao ser confrontado sobre isso, Milei fugiu dos questionamentos, mas no fim confirmou que manteria suas propostas de dolarização e extinção do banco central.
Massa também foi questionado. Milei o criticou pela situação da economia argentina, que sofre com a hiperinflação e a pobreza. Porém, Massa fugiu desses questionamentos atacando novamente a proposta de dolarização da moeda argentina por Milei.
Outro tópico importante foram a relações econômicas com outros países, especialmente o Brasil e a China. Neste assunto, Milei anteriormente havia declarado que cortaria relações com a China. “Não faço negócios com comunistas’’, disse à época. A fala teve uma má repercussão, já que a China é um dos maiores compradores dos produtos argentinos. Então, nesse debate, ao ser confrontado sobre isso, Milei apoiou as trocas internacionais e disse que não deixaria de fazer negócios com os chineses
Já pensando na relação com o Brasil, Milei também havia declarado sua intenção de cortar relações com o país, pois não gostava da figura do presidente Lula. Porém, também voltou atrás, já que o Brasil é o maior parceiro comercial da Argentina.
Ainda nesse assunto, Massa declarou que seu plano para que o país saia da situação econômica em que se encontra é justamente o de reforçar as trocas comerciais com países estrangeiros, pois, de acordo com ele mesmo, ‘‘projeções apontam para uma alta de 40 bilhões de dólares nas vendas externas da argentina para 2024’’.
Expectativas para o segundo turno
Na Argentina, a maioria das pesquisas apontavam uma vitória de Sergio Massa. Porém, pesquisa mais recente do órgão AtlasIntel, coloca Milei na frente com 52% das intenções de voto, e Massa com 48%.
A possibilidade de vitória de Milei aumentou mais ainda após a candidata que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, Patricia Bullrich, declarar seu apoio a Milei, o que poderia angariar mais de 20% dos votos totais para o candidato, o que seria uma vitória garantida.
A professora do curso de Jornalismo da Unesp, Maria Cristina Gobbi aponta que a população tem um receio com o extremismo de Milei, por isso talvez não direcione seus votos a ele, mas também não a Massa, o que significa um número altíssimo de votos nulos. Outra pesquisa que saiu recentemente, feita pelo jornal Clarín, apontava um empate, com um número alto de votos brancos e nulos.
Somado com isso, o candidato em quarto lugar também declarou apoio a Milei, mas o mesmo problema se coloca: a população tem muita incerteza a respeito dos ideais radicais de Milei, mas também não votaria em Massa pela sua atual gestão como Ministro da Economia, o que significaria novamente uma grande porcentagem do total de votos como nulos.
Com Milei como favorito, a comunidade internacional fica apreensiva. Gobbi acredita que todas essas opiniões radicais de Milei não se realizarão, não só por Milei usar isso como propaganda, mas porque caso ele seja eleito, não teria apoio dos outros poderes políticos para realizar reformas tão radicais. Confira mais sobre o candidato favorito para a vitória na eleição presidencial argentina aqui.
