Como o filme Barbie trouxe à tona os maiores tópicos tratados em terapia por mulheres.
Por: Isabela Domingos
Imagem – Reprodução/Margot Robbie em ensaio para Vogue América, 2023
Lançado no dia 20 de Julho de 2023, o filme Barbie, dirigido pela diretora Greta Gerwig, arrecadou mais de 1 bilhão de dólares durante o lançamento global, conquistando o título de maior estreia do ano e maior bilheteria dirigido por uma mulher. Mas, além dos recordes, Barbie trouxe em seu enredo tópicos necessários e, por muitas vezes esquecidos, como as dificuldades de ser mulher, através da visão de uma mulher.
O rosa, por muitos anos, ficou guardado no fundo do armário, pois o fantasma da futilidade se tornou um acessório da cor que representa o mais alto grau de feminilidade. Mas em meio aos anseios, uma nuvem pink deu seu ar da graça e trouxe o que há muito tempo não se via, um longa que em pouco menos de 120 minutos trouxe um pouco das experiências exclusivas do sexo feminino.
Em meio a um colapso protagonizado pela Barbie estereotipada (Margot Robbie), o discurso de Glória (América ferreira) traz à tona tópicos sensíveis, muitos deles descritos pelas telespectadoras como ✨Assunto de terapia✨. O monólogo começa enfatizando as complexidades de ser mulher – “É literalmente impossível ser uma mulher. Tipo, temos que sempre ser extraordinárias, mas de alguma forma estamos sempre agindo errado.”
Imagem – Reprodução/Warner Bros 2023
Em conversa com a psicóloga Luciana Vernaschi, o medo da reprovação faz com que muitas mulheres entrem em estados de sofrimento. “Sair muito daquilo que se é, porque se sente inadequado para agradar o outro e conseguir a aprovação do mesmo, faz com que muitas meninas e mulheres sofram. E é exatamente esse o tópico abordado por Glória, a ambiguidade do discurso coloca insere padrões inalcançáveis”, explica Luciana.
Recentemente, o falecimento da influenciadora Larissa Andrade, de apenas 29 anos, tomou conta das redes. A jovem morreu depois de sofrer complicações em decorrência de uma lipo no joelho. Esse não é o primeiro caso e possivelmente não será o último, como citado no discurso de Barbie. “Você tem que ser magra, mas não muito. E você nunca pode dizer que quer ser magra. Tem que dizer que quer ser saudável, mas também tem que ser magra”.
As complexidades em busca da perfeição vão muito além do que se imagina. Segundo uma pesquisa realizada pelo International Society of Aesthetic Plastic Surgery, ISAPS (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética), procedimentos estéticos/cosméticos tiveram um crescimento de 19,3% se comparado aos anos anteriores. A lipoaspiração lidera o ranking, seguido pelo aumento de seios, ajuste de pálpebras, rinoplastia e abdominoplastia.
Imagem: Reprodução/Png Tree
Luciana ressalta a necessidade do autoconhecimento e da importância em impor limites e saber dizer não. “A qualquer sinal de ameaça, mostre os dentes”. A psicóloga diz que o processo de se conhecer e entender a real fonte das cobranças, nem sempre é fácil e por vezes pode ser doloroso, mas sem dúvidas é reconfortante.
A diretora Greta Gerwig disse ter medo de assumir a direção do filme e o motivo é a complexidade, afinal os discursos sobre o que é ser feminina são sempre muito ambíguos e em sua grande maioria quando são tratados nas telonas são dirigidos por homens. Mas para a felicidade de quase todos, Greta assumiu o desafio e conseguiu expressar os sentimentos e dores mais profundas do que de fato é ser mulher.
Ser mulher de fato é impossível: do momento em que se acorda ao momento em que se vai dormir, inúmeros desafios são enfrentados – caminhando pela rua, no ambiente de trabalho, dentro de casa e em todos os lugares possíveis. Existem experiências que apenas mulheres vão entender, assim como dores que só elas irão passar e o filme Barbie conseguiu retratar perfeitamente cada uma delas.
