Se eleita, candidata do RC pode se tornar a primeira mulher a ocupar a presidência do Equador
Por Nathan Nunes
Depois de ter vencido o primeiro turno das eleições presidenciais no Equador com 34% dos votos da população, a advogada socialista Luisa González disputa o segundo turno neste domingo, dia 15 de outubro. Seu adversário é o empresário Daniel Noboa, candidato pelo partido ADN (Ação Democrática Nacional).
Se eleita, a candidata do movimento Revolução Cidadã (RC) se tornará a primeira mulher a ocupar a Presidência da República na história do Equador. O país, somente nos primeiros meses do ano, registrou mais de 70 feminicídios, de acordo com Geraldine Guerra, presidente da Fundação Aldea.
A força de González não se deve ao acaso. Ela é apoiada por Rafael Correa, ex-presidente do Equador, que deu origem à corrente política equatoriana conhecida como Correísmo. O êxito da candidata poderia significar uma recuperação da esquerda na América Latina, como aponta Juarez Xavier, professor do curso de jornalismo e vice-diretor da FAAC.
“A vitória dela, assim como a de Lula, apontará a reversão da tendência de êxitos eleitorais da extrema direita em eleições recentes no continente, apesar da animosidade nas eleições argentinas. Existe também a possibilidade de retomada da pauta de enfrentamento às desigualdades no Equador, com políticas públicas mais amistosas que as do governo antecessor”.
Para González, a campanha não foi fácil. Em entrevista à rádio Medio Mundo, a candidata mencionou ter recebido ameaças de morte, cuja principal envolveu uma tentativa de atentado, orquestrada por um homem não identificado, de sobrenome Mancilla.
O ocorrido dialoga com o estado crítico da segurança pública e da democracia no país, sobre a qual Juarez discorre: “É cada vez maior a influência do narcotráfico nos territórios e na dinâmica dos processos eleitorais. Essa tendência se espalha pelo continente, mostrando-se um obstáculo real à instituição de um estado democrático e de direitos, como apontam os principais especialistas em política no continente americano”.
Caso a eleição se concretize, Gonzalez irá governar com maioria no Congresso, depois da alta performance do RC nas eleições.
Para Maximiliano Martin Vicente, também professor do curso de jornalismo da Unesp Bauru, esse fator pode ser um sinal de estabilidade. “Mesmo que ela tenha que enfrentar o capital financeiro internacional, ter maioria é um bom começo para poder implementar seu plano de governo”.
