O ramo das ilustrações está cada vez mais popular nas redes sociais, se tornando presente principalmente em adesivos, capas de livros e pôsteres.
Por Lara Fagundes
No cenário cultural brasileiro, a falta de investimento na arte e o reduzido acesso à educação artística torna a realidade do país cada vez menos acolhedora para artistas. Porém, com a ascensão das redes sociais, a divulgação de ilustradores independentes começou a crescer, ajudando muito no mercado do ramo.
Essa transformação digital, com artistas recebendo maior atenção nas mídias sociais, como Instagram e TikTok, facilitou a luta pela maior valorização da cultura no Brasil. A ilustradora Andressa Alves (@ilustraandressa) contou, em entrevista ao Jornal Contexto, que acredita que artistas independentes podem contribuir para a diversidade cultural.
“Cada ilustrador traz para sua arte narrativas únicas de sua vivência e contexto social. Grande parte dos ilustradores independentes possui total liberdade para abordar temas políticos e questões sociais, assim trazem reflexões, diferentes pontos de vista e contribuem para diversidade e representatividade da cultura”, contou.

Porém, o Brasil continua sendo um país que desvaloriza a arte diariamente, com a questão da visibilidade ainda como um dos maiores desafios. Andressa relatou que o trabalho do ilustrador muitas vezes “é subestimado ou considerado secundário, o que acaba impactando diretamente na captação de clientes”.
Por isso a internet se tornou indispensável no trabalho como artista, tanto para divulgação quanto para o contato com um diverso número de clientes e outros profissionais. “Ainda há muito a ser mostrado sobre nosso meio e ainda há muito para falar para as pessoas que ainda não conseguem enxergar nosso ramo como um trabalho sério e de extrema importância”, relatou a desenhista Samy Costa (@samycosta.art).
A ilustradora independente Ana Bizuti (@bizzzu.art) apontou os lados bons e ruins dessa dependência tecnológica, dizendo que as redes “permitem alcançar um público amplo e expandem a visibilidade”, conseguindo despertar o interesse de muitas pessoas e ajudando no recebimento de encomendas. Ao mesmo tempo, como as mídias estão em constante mudança, Ana acredita que o algoritmo das redes exige “uma adaptação contínua para alcançar o público desejado, caso contrário, corre-se o risco de ficar para trás”. Para Andressa, além disso é difícil “encontrar pessoas dispostas a pagar um preço justo pelo trabalho”.
Andressa Alves explica ainda que “as redes sociais proporcionaram uma grande visibilidade e graças a isso, consigo alcançar um público muito maior do que seria possível apenas por meio de exposições físicas ou eventos presenciais. Todos os dias, vejo minha arte impactando centenas de pessoas, recebo mensagens de como elas foram significativas em momentos difíceis, trouxeram alegria ou provocaram reflexões importantes. Além disso, as redes sociais abriram portas para oportunidades que antes pareciam inalcançáveis, desde trabalhos com grandes marcas até a venda dos meus próprios produtos”.
Com a maior visibilidade na internet e a comunidade de ilustradores que está conseguindo crescer no país, a comunicação entre os artistas também está sendo facilitada. “Converso com artistas mais experientes, com quem aprendo muito. Também sou procurada por artistas mais novos em busca de conselhos e informações sobre o campo artístico. Essa troca de conhecimento e suporte é extremamente enriquecedora para todos nós”, contou Bizuti.
As redes geram maior conhecimento do público-alvo e o engajamento pode despertar interesse de marcas. Por isso, Andressa mencionou ser muito importante se manter ativo e “ter um bom portfólio online, sempre atualizado com os últimos trabalhos”. Samy também falou sobre isso, dizendo que “interagir, participar de eventos e coisas parecidas ajudam muito com a questão de parcerias”.
Porém, ambas concordaram que, como artistas independentes, conseguem maior liberdade, tanto na criação da obra, utilizando o próprio estilo e definindo suas identidades como artistas, quanto na escolha de que projeto irão ilustrar, para “não fazer algo já roteirizado por outra pessoa”, nas palavras de Samy.
Ana também concordou com a independência artística permitir a liberdade criativa e a flexibilidade na escolha dos projetos, mas apontou que, com trabalhos mais formais, como a parceria com editoras e marcas, é oferecida maior estabilidade financeira e possíveis benefícios. “Não acho que tenha uma opção que seja melhor que a outra, isso depende das preferências e necessidades de cada artista”, disse.

Algo em comum entre as três entrevistadas foi como todas começaram a desenhar na infância, sendo o momento que o interesse pela arte foi despertado. Ana contou que, até o ensino médio, “não tinha intuito de seguir no ramo artístico por não ter muita referência de pessoas que trabalhavam nessa área, nem achava que tinha mercado”. Foi somente quando descobriu o ramo das ilustrações na internet que passou a tentar investir nisso, além de ter começado a estudar para cursar artes visuais na faculdade, sendo formada atualmente.
Já Andressa relatou que, mesmo desenhando desde criança, começou a ilustrar profissionalmente somente no início de 2020, quando decidiu compartilhar sua arte no Instagram “como uma maneira de me expressar durante o momento caótico que estávamos vivendo”. Mais uma vez, a visibilidade das redes sociais se mostra muito importante no incentivo da arte, ajudando no mercado que está se tornando cada vez mais amplo. Samy decidiu entrar para o ramo profissionalmente da mesma forma, tendo iniciado o trabalho já com uma bagagem de ilustrações significativas no Instagram. “Eu realmente amo ilustrar, e quando eu vi que tinha um mercado grande, não hesitei”, contou.
A internet é um importante meio de comunicação, o qual ajuda na visibilidade e na busca por referências. Consumir arte de diversas formas pode ajudar no desenvolvimento artístico, principalmente daqueles que ainda estão iniciando a carreira de ilustração. Ana Bizuti comentou que a prática é muito necessária e aconselhou que jovens artistas “experimentem diferentes estilos, técnicas, se inspirem em outros artistas e mostrem para o mundo suas artes, elas são importantes”.
Andressa também falou sobre a necessidade de mostrar o que consegue fazer, já que esse é o passo inicial para se tornar um ilustrador profissional. “Usar as redes sociais como meio de divulgação é essencial, mas é importante superar a vergonha de compartilhar. Não espere que uma ilustração esteja perfeita para mostrá-la às pessoas, muitas vezes somos excessivamente críticos com nosso próprio trabalho. Vale lembrar que é impossível agradar a todos, mas com tantas pessoas por aí, certamente haverá alguém que vai gostar da sua arte”, disse.
Com mais um conselho para novos artistas, Samy concluiu: “Se é isso que você quer fazer e gosta, não desista! No começo é muito difícil, você vai levar muitos não, não vai ter tanta visibilidade, mas quando você começar a deixar sua marca aos poucos, em cada trabalho seu, o público vai começar a te procurar e a te conhecer e assim os trabalhos virão! Desenhe tudo, teste vários estilos, e o mais importante, se divirta!”

Te amo Larinha, ingual eu a matéria e tá muito bem escrito tá de parabéns, me prendeu do começo ao fim.
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