Por Pedro César Rodrigues

Fonte: Instagram @miltontrajano

Os cartuns e charges sempre tiveram seu espaço garantido nas mídias tracionais do Brasil, como jornais e revistas. Com o advento da internet isso não mudou e uma das vertentes que mais vem ganhando espaço é o cartum esportivo.

Segundo o dicionário Oxford Languages, “o cartum seria um desenho humorístico ou caricatural, espécie de anedota gráfica que satiriza comportamentos humanos”. Essa definição combina perfeitamente com a irreverência e a criticidade necessárias para se retratar a complexidade de um esporte.

Por isso, a escolha de muitos artistas pelos cartuns, como o caso do Milton Trajano, que começou brincar com os desenhos ainda com 3 anos de idade embaixo da tábua de passar roupa da sua mãe enquanto a mesma fazia as tarefas domésticas.

Milton, formado pela Faculdade Belas Artes, chegou um dia a sonhar em ser artista plástico ou um pintor “de boina e tudo”. Mas não conseguiria deixar de desenhar o que achava engraçado e por isso passou a entender o cartum não como uma arte menor, mas sim como um privilégio.

“Se um artista abstrato exibe sua obra para mil pessoas, poucas sentem alguma coisa e dessas poucas, pouquíssimas o entendem exatamente. Já no cartum, você desenha e já consegue fazer a pessoa entender, dar risada, sentir raiva. Desperta um sentimento imediato”, diz o cartunista.

O cotidiano de quem trabalha no ramo gira em torno dos desenhos. A todo momento, se mantém um olhar crítico e com uma boa dose de ironia para extrair do real sua ludicidade. Não de maneira exaustiva, mas sim prazerosa.

E o Milton não é uma exceção à regra. “Para um artista descansar, teria que ficar cego. Um dentista deve reparar no dente das pessoas, um barbeiro no penteado, já o artista olha tudo”, diz ele.

Mas o que busca um cartunista? Bom, como todo artista é tido como excêntrico, a excentricidade do cartunista com certeza é a admiração pelo contrassenso. “Eu como cartunista sempre gostei de coisa absurda, desde moleque. As coisas que eu achava engraçadas quase ninguém achava e os desenhos que eram para ser engraçados, eram feitos para serem engraçados para mim e quando as outras pessoas achavam graça muito melhor”, conta o Trajano.

O currículo de Milton Trajano é extremamente vasto. O experiente cartunista começou sua trajetória na década de 80 e já passou por algumas renomadas revistas e jornais do cenário brasileiro, como por exemplo a Placar, Folha de São Paulo, Info Exame, Capricho, Claudia, entre muitas outras. Já passou até a atuar desenhando sobre temas gerais do cotidiano, tecnologia e também desenhos um pouco mais sofisticados e “bonitinhos”, como os da Capricho.

Ele observa grandes mudanças no ramo ocasionadas pelo avanço da tecnologia e destaca a praticidade e interatividade. “Eu não tinha referência nenhuma quando publicava nas revistas, ninguém escreve uma carta falando ‘pô Miltão, ficou demais’, então a internet me tornou acessível por todas as pessoas terem as revistas que quiserem na palma da mão, poderem acessar meu perfil de graça e também por permitir curtir e comentar o desenho. Então a agilidade nem se compara, eu nem sabia que era popular”.

Desde 2018, Milton se dedica ao seu perfil do Instagram, onde começou a ilustrar os causos da Copa do Mundo da Rússia. Hoje, ele se empenha em retratar o cotidiano do São Paulo Futebol Clube de maneira criativa e irreverente, além de resgatar fatos históricos do tricolor paulista com verdadeiras obras de arte, tocando o âmago do torcedor são-paulino ao relembrar os períodos de glórias vividos pelo soberano.

Fonte: Instagram @miltontrajano

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