Com a São Paulo Fashion Week se aproximando, modelo comenta sobre as dificuldades de estar envolvida no mundo da moda

Por Mariana Capibaribe

Quando se pensa em indústria da moda, logo vem à cabeça a imagem de mulheres magras nas passarelas e nas capas de revista. Embora a luta por representatividade esteja em constante crescimento, as modelos ainda passam por diversos problemas envolvendo a cobrança pelo corpo perfeito. Mas a pergunta é: perfeito aos olhos de quem?

A São Paulo Fashion Week deste ano, que acontece entre 25 e 28 de maio, para além de analisar as novas tendências, é o motivo para falar sobre o que nunca sai de moda nas passarelas: a magreza.

Desde que o mundo é mundo, as mulheres sofrem uma cobrança para suprir as expectativas que a sociedade coloca nelas. Esta pressão está enraizada na mente das pessoas e vem consumindo a cabeça das mulheres cada vez mais, afetando diretamente a forma como elas se veem e se comportam.

Esta cobrança acabou colocando as mulheres em um lugar de objetificação durante a história, e hoje em dia é tudo maximizado por conta das redes sociais, já que a comparação é muito mais palpável, e a magreza é como um assunto que nunca sai dos trending topics.

A busca pelo corpo perfeito é um campo minado, já que se abre mão de muitas coisas para alcançar esse objetivo. Isso tudo se agrava no mundo da moda, e a discussão é um pouco mais delicada, já que o ganha pão das modelos depende diretamente de como as pessoas vão enxergar seus corpos.

Anna Beatriz Ruiz entrou para esse universo por conta de sua paixão pela arte e por se expressar de diversas formas, e com pouca idade e muita vontade, foi descobrindo que o caminho até o sucesso não é tão iluminado quanto nas passarelas.

A modelo conta que foi descoberta por um fotógrafo durante uma apresentação de teatro aos treze anos de idade, mas só mergulhou de vez na experiência quando completou dezesseis anos e foi contratada por uma agência de modelos. Anna diz já ter entrado na agência com certo receio, e comenta que “já tinha uma ideia de que a pressão estética que as modelos passam é absurda, esperava que isso poderia acontecer comigo”.

Quando a modelo foi contratada, o período coincidiu com o maior evento de moda da América Latina, a São Paulo Fashion Week. Na época que antecede o evento, as modelos das principais agências de São Paulo se preparam para os castings para ter a chance de participar dos desfiles, e a recém chegada conta que presenciou uma cena que a desanimou muito nesse início da carreira.

A história aconteceu com uma outra modelo da agência, que quando estavam tirando as suas medidas semanais, foi apontado que, por dois centímetros a mais que o esperado na cintura, sua participação seria vetada nos castings. Anna conta que viu a amiga chorando em um canto, pois teria ouvido muitas humilhações. “Isso me afetou muito, porque eu tinha acabado de entrar na agência, então fiquei com medo de acontecer comigo. Um sonho poderia estar acabando por causa de dois centímetros a mais”.

Esse episódio ilustra como o tratamento com as modelos carece de cuidado e tende a fazer as meninas pensarem que são culpadas por não atenderem às expectativas dos outros sobre seus corpos.

A modelo diz que estar inserida nisso afetou a forma como ela vê o próprio corpo. “Eu sempre me comparei muito com várias modelos na minha própria agência, as que seguem carreira internacional. Eu queria ser como elas, queria ter o corpo delas, queria ser igual a elas para chegar onde elas chegaram”.

Quando se fala de representatividade, é inegável a evolução, principalmente nas mídias. Entretanto, mesmo Anna concordando com esse avanço, ela afirma que infelizmente as pessoas magras ainda são favorecidas, e ainda tem muito caminho pela frente para ser um espaço de oportunidades comuns a todos. “No fundo eles dão essa representatividade para ser uma fachada, porque ainda tem muita pressão, e eu vi isso na minha frente”, finaliza a modelo.

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