Por Gabrielle Moreira

Aniversário do conflito entre Rússia e Ucrânia. Foto: Fotos Públicas

O conflito completou um ano dia 24 de fevereiro de 2023, deixando cerca de 180 mil soldados russos mortos ou feridos. No lado ucraniano, os dados são igualmente preocupantes: entre mortos e feridos, já são 100 mil soldados e 30 mil civis. Esse cenário faz com que todos se perguntem se esta guerra terá um fim próximo.

Mas os prognósticos apontam que o conflito pode durar mais do que o esperado. “Eu acho que o pessimismo em relação à guerra, não necessariamente, vá se traduzir em curto prazo em uma resolução para o conflito, inclusive porque as partes em conflito, não estou dizendo apenas Ucrânia e Rússia, mas Rússia, Ucrânia e OTAN não me parecem muito dispostas a ceder’’, comenta o professor de ciências politicas da Universidade Federal do Amapá, Ivan Henrique de Mattos e Silva.

“Toda resolução de conflito passa, necessariamente, por sessões e concessões, ninguém pode ir para a mesa de negociações, inclusive, a perspectiva da mesa de negociações me parece meio distante agora, mas ninguém poderia ir para a mesa de negociações querendo manter todos os seus ganhos”, explica Ivan.

A Rússia conta com um armamento pesado, um maior investimento em equipamentos bélicos e estoques não utilizados da Guerra Fria e a Ucrânia busca apoio em países aliados como Estados Unidos e União Europeia para maior proteção e envio de mísseis, bombas e tanques de guerra.

“O Putin evoca um nacionalismo russo bastante enraizado, e isso também está na perspectiva de restaurar uma pungência perdida na União Soviética. Com o Zelensky, presidente atual da Ucrânia, isso foi manifesto de modo direto, a Ucrânia teria o interesse em entrar para a OTAN. Qual o problema disso na perspectiva russa, pelo menos como vinculado pelos russos? A Ucrânia é uma potência nuclear também que faz fronteira com a Rússia, e pra complicar mais o contexto, há uma parte da Ucrânia, o leste da Ucrânia, a chamada Bacia do Donbass que é povoada majoritariamente por russos e russas e essas regiões se elevaram contra o golpe de 2014, e desde então tem sido perseguidas e bombardeadas”, complementa o professor sobre alguns motivos para o inicio do conflito.

No dia 4 de abril, a Finlândia se tornou o trigésimo primeiro país a se unir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O país nórdico possuía 1300 quilômetros de fronteira com a Rússia e Suécia negocia possível entrada para a união nos próximos dias. “Se a ideia da Rússia era invadir a Ucrânia para frear o avanço da OTAN, parece que o tiro saiu pela culatra”, ironizou Ivan. “Não acho que é um cerco se fechando [para a Rússia] por dois motivos, primeiro porque o poderio bélico russo é bastante superior ao desses países, e segundo lugar, a entrada da Rússia para o circuito de expansão do projeto econômico da China tem aliviado um pouco o impacto dessas sanções [que os aliados da Ucrânia tem aplicado à Rússia]”, explica.

Em abril passado, o presidente Lula fez declarações sobre o conflito que geraram polêmica. “O Brasil tem lidado com a devida cautela e a devida complexidade em relação ao fenômeno que, é de fato, complexo”, diz o professor. “Vota condenando a Rússia pela invasão e se nega a fornecer armas para a Ucrânia.

“Acho que o Brasil faz muito bem ao se colocar junto à China como um potencial negociador, assumindo não só a complexidade do conflito, mas assumindo que há interesses em disputa e que precisam ser considerados se de fato quiser superar o conflito”, explica. Para ele, o fato dos Estados Unidos ficarem tão incomodados com isso dá um pouco de “dimensão dos interesses dos Estados Unidos nesse conflito entre Rússia e Ucrânia”.

2 comentários em “Guerra entre Rússia e Ucrânia pode ter fim próximo?

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