Com 38 anos de existência, o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Unesp se consolida como mídia digital. Conversamos com a jornalista Bahiji Haje, que participou da criação do jornal, em 1987, para conhecer um pouco da história deste tradicional veículo.

Por Mauro Souza Ventura

A jornalista Bahiji Haje, que participou da criação do jornal Contexto, em 1987. Foto: Arquivo pessoal

Em 01 de dezembro de 2022, um editorial anunciava a chegada de um novo veículo de comunicação no curso de Jornalismo da Unesp: o jornal Contexto. Na verdade, novo era o formato, agora digital, pois este velho jornal já tinha uma longa história no curso.

Concebido como um jornal-laboratório, seu objetivo sempre foi publicar as produções jornalísticas dos alunos. Em conversa com a jornalista Bahiji Haje, ela conta que o Contexto foi criado em 1987 ou 1988, poucos anos depois da criação do curso.

A jornalista e professora de Jornalismo explica que a ideia inicial era fazer um jornal-laboratório que tivesse relação com a imprensa alternativa e estivesse vinculado aos movimentos sociais. “Esse desejo tinha a ver com minha trajetória, pois eu já atuava com imprensa sindical desde a época de estudante”, explica.

Assim, o Contexto nasceu como um jornal de bairro, no caso, o Conjunto Residencial Presidente Geisel, próximo à Unesp, em Bauru. “A escolha do bairro Geisel foi natural, por conta da proximidade com o campus e também por ter uma certa história de mobilização social”, explica a professora. “Não lembro exatamente quanto tempo essa relação se manteve, mas não foi muito. Lembro que o principal problema foi a dificuldade de inserção dos estudantes no cotidiano do bairro. Acabou sendo uma relação muito artificial e isso, na minha avaliação, inviabilizou a proposta”. Ela conta que o jornal nasceu com o nome Comtexto (com ‘m’), para brincar “com a ideia de que traduziríamos o contexto com muito texto”.

Bahiji Haje formou-se em Jornalismo na Unesp em 1986 e fez parte da segunda turma do curso. Em agosto de 1987, tornou-se professora de Planejamento Gráfico e, depois, Técnica Redacional. Bahiji deixou a Unesp no final de 1992 e, desde então, dedica-se de forma integral ao jornalismo. Atualmente, é jornalista da Associação dos Docentes da Unesp (Adunesp Central) e presta serviços para o Sindicato dos Trabalhadores da Unesp (Sintunesp) e para o Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza (Sinteps), além de atuar como jornalista para o Fórum das Seis, que agrupa os sindicatos e DCEs das três universidades e do Centro Paula Souza.

Ela relembra o início na profissão, ainda em Bauru, no Sindicato dos Bancários. “Como jornalista formada na época em que as tecnologias eram menos abundantes na área, fazia de tudo: escrevia, diagramava, fotografava. No trabalho, no qual ainda atuavam mais duas jornalistas formadas comigo, fazíamos tudo: redigir, diagramar, fotografar, elaborar releases para a imprensa etc.”

Bahiji considera que o jornal-laboratório é uma experiência fundamental para a formação do estudante. “É quando ele tem a oportunidade de vivenciar um veículo de comunicação aos moldes do que vai encontrar no mercado de trabalho. Por certo, quando o jornal-laboratório era impresso, a experiência era bem mais completa, pois o aluno vivia todas as etapas da produção. Mas é óbvio que os tempos agora são outros. Assim, penso que o jornal laboratório (assim como experiências similares, como revistas, sites, blogs…) continua sendo uma experiência de ouro para o estudante”, explica.

Não por acaso ela lamenta que, durante sua graduação não tenha produzido jornal-laboratório. “Somente escrevíamos matérias, mas que não eram publicadas. Como professora, a relação com o jornal foi muito boa, pois eu sentia o quanto os estudantes aproveitavam a experiência e isso lhes dava lastro para iniciar a vida profissional”, conclui Bahiji.

Nesta etapa mais recente do jornal, a digital, as notícias e reportagens são concebidas, orientadas, fechadas e publicadas no âmbito das disciplinas “Apuração Jornalística” e “Jornalismo Textual”, do Primeiro Ano do curso. Isto significa dizer que o Contexto tem uma particularidade entre os jornais-laboratórios: é feito no âmbito da grade curricular de Jornalismo. E isso é fundamental para fortalecer as disciplinas laboratoriais que, juntamente com as de fundamentação teórica, garantem a boa formação do futuro jornalista.

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