Faltando menos de um ano para a próxima eleição, surgem os prováveis candidatos para assumir o maior cargo executivo do país. Entenda o cenário.
Por Gabriel Passarin

A data programada para a próxima eleição presidencial está a menos de um ano de acontecer. Planejada para outubro de 2026, a corrida eleitoral que se aproxima traz junto a ela um cenário político cheio de polaridades e conturbações nas mais diversas frentes partidárias presentes no Brasil. A preparação institucional se mistura, com forte turbulência política causada pela polarização entre os campos da esquerda e da direita e pela falta de candidatos com ampla aceitação em ambos os lados.
Em levantamento realizado por alunos da Universidade Estadual Paulista (Unesp), município de Bauru, 50 moradores da região foram entrevistados acerca das eleições para presidência em 2026. Ao serem perguntados sobre “Quais devem ser os próximos candidatos nas eleições presidenciais de 2026?” os nomes mais citados foram:

Mais adiante, ao se relatar a pesquisa realizada pelo instituto DataFolha em julho de 2025, que destaca um cenário de favoritismo do atual presidente Lula nas intenções de votos para o primeiro turno, os mesmos cidadãos foram indagados sobre um provável candidato que, para eles, poderia rivalizar com Lula em um possível segundo turno. Nesta perspectiva, 50% dos entrevistados disseram que “nenhum candidato é capaz”, enquanto que 24% disseram que o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas é o que tem mais condições de rivalizar com o presidente. Outros 16% disseram que apoiam o candidato indicado por Jair Bolsonaro.
Durante a sondagem, ao se perguntar aos entrevistados se havia algum cidadão específico que eles gostariam que se candidatasse, 42% afirmaram não desejar que ninguém em específico fosse candidato. Além disso, 12% desejam que Ciro Gomes se candidate, 8% gostariam que Geraldo Alckmin fosse um dos concorrentes e 6% dos entrevistados afirmaram querer Eduardo Bolsonaro como um dos candidatos.
Na frente da esquerda aparece novamente o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera diversos cenários de intenção de voto para 2026, conforme pesquisa do DataFolha. Em um cenário hipotético, com Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (que no momento se encontra inelegível devido à decisão do Supremo Tribunal Federal), Lula registra cerca de 36% contra 33% de Bolsonaro. Isso mostra assim uma aparente vantagem consolidada a favor do atual presidente diante da esquerda, porém com interrogações sobre liderança futura ou sucessão, após a retirada do presidente do mundo político.
Outros nomes já consolidados entre os partidos têm demonstrado serem incapazes de acumular o apoio popular necessário para suceder o político no cargo de presidente. Políticos como Ciro Gomes, Fernando Haddad e Guilherme Boulos são nomes cotados como possíveis herdeiros do atual presidente, entretanto não demonstram ser fortes candidatos para uma disputa contra o mesmo.
Entretanto, na direita, o panorama é bem mais fragmentado. A inelegibilidade de Jair Bolsonaro até 2030, imposta pela Justiça Eleitoral e reafirmada pelo Supremo Tribunal Federal, representa um duro golpe para o campo conservador. Sem seu principal líder, a direita se vê diante do desafio de encontrar um nome capaz de herdar o espólio político e a base popular bolsonarista.
Essa tarefa, contudo, tem se mostrado complexa. Entre os nomes ventilados como possíveis sucessores, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), desponta como o mais forte. Sua gestão no estado mais populoso e economicamente relevante do país o coloca em posição estratégica. Entretanto, segundo o Datafolha, 58% dos paulistas preferem que ele busque a reeleição no estado, enquanto apenas 30% o querem disputando a Presidência em 2026.
Jefferson Oliveira Goulart, doutor em Ciências Políticas e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), afirma que Tarcísio tem adotado uma postura cuidadosa, tentando equilibrar-se entre manter laços com o bolsonarismo e, ao mesmo tempo, construir uma imagem de gestor técnico e moderado. Segundo ele, o governador demonstra preocupação em não se descolar do legado bolsonarista, mantendo afinidades ideológicas e simbólicas, mas sem se submeter integralmente ao controle dos apoiadores de Bolsonaro, com quem tem diferenças discretas.
Portanto, o professor afirma enxergar um dilema entre a direita, que tem a necessidade de preservar a base popular construída por Bolsonaro, e uma urgência em renovar a liderança e adaptar-se a um novo contexto político.
“O bolsonarismo foi uma força que emergiu de maneira surpreendente, um movimento de identificação de massa articulado diretamente em torno da figura pessoal de Jair Bolsonaro, sem vínculos partidários sólidos e fortemente ancorado nas redes sociais. Agora, sem o seu líder, o campo da direita tende a se fragmentar, com múltiplos candidatos disputando o mesmo eleitorado, em um processo de disputa, que pode favorecer seus adversários”, explicou o professor Jefferson.

Enquanto isso, Lula tenta equilibrar governabilidade e popularidade. O presidente tem buscado fortalecer sua imagem internacional, segundo o analista político, e apostar em pautas sociais e econômicas que consolidam o legado de seu terceiro mandato. Entretanto, o presidente enfrenta índices de rejeição elevados, com 46% da população contrária ao seu governo, segundo o Datafolha em agosto de 2025, revelando assim um eleitorado dividido e pouco tolerante aos extremos dos últimos presidentes. Bolsonaro, por sua vez, tem rejeição de 43%, segundo a pesquisa.
As eleições de 2026 desenham um cenário que tende a ser um dos mais complexos desde a redemocratização, devido a uma polarização ideológica permanente e intensa. Somando-se a uma população que demonstra sinais de cansaço com o confronto entre “petismo” e “bolsonarismo”. Segundo Jefferson Goulart, os setores da direita tradicional e do centro democrático buscam se distanciar do radicalismo e retomar uma agenda liberal na economia, mas institucionalmente estável, menos personalista e radical.
Dando sinais de que o futuro da disputa para a presidência do Brasil dependerá de múltiplos fatores ainda sem conclusão, como o desempenho da economia, o comportamento da base evangélica e religiosa, o posicionamento do centro político e, principalmente, a capacidade da direita de se reorganizar sem Bolsonaro no comando. Com um grande favoritismo de Lula para um possível quarto mandato, caso isso não ocorra.
