“Se eu puder ajudar alguém de alguma maneira vou ser mais feliz”.

Por: Kelly Naphtali

As pesquisas científicas são de grande impacto na sociedade, uma vez que identificam lacunas, encontram ou não resultados (o que já são respostas). E é diante dessa visão que a estudante de ciência da computação, Yasmin Sobrinho, de 20 anos, se encontra. “A ideia é trilhar um caminho base para que outras pessoas consigam trabalhar com isso também”, diz ela sobre as pesquisas.

De maneira leve e sorridente, ela conta que seu interesse por ciência vem desde o ensino fundamental, onde sempre demonstrou interesse e já lia livros sobre física quântica. Já no início da graduação, relembra um dos momentos que teve a certeza de se envolver na computação quântica, ao refletir sobre o personagem principal do filme “Oppenheimer”, que assistiu no cinema com seus pais. “Por que eu não faço coisa com computação quântica?” perguntou ela. E foi assim que começou a estudar um pouco mais.

Em meio ao câncer da mãe e a pressão do vestibular, Yasmin ainda era uma jovem de 18 anos que duvidava de si mesma, e apesar das dificuldades, relata o que passou com sorrisos, como se soubesse o que a esperava.

“A gente sempre duvida do caminho que está trilhando, a gente sempre se questiona. Acho que acabamos sendo um pouco mais inseguras”. E em meio a sua juventude, carregada de pressão e preocupações em casa, ela continuou sua jornada dos sonhos. “A gente às vezes não entende o nosso caminho. Às vezes a gente acha que não está dando certo”.

Impulsionada por seus sonhos e em meio a problemas de saúde da mãe, Yasmin iniciou seu curso na Unesp e logo em seu primeiro dia de aula, conheceu o projeto de pesquisa que une computação quântica e o diagnóstico de câncer de mama, apresentado por um professor, que hoje é seu orientador.

Era a oportunidade para uma pesquisa que envolvia seus dois mundos: o câncer de mama, recentemente vivido por sua mãe, e a paixão por física quântica. “E tudo isso fazia sentido para mim, trabalhar com a parte quântica, porque eu já estudava isso desde o ensino médio, e a aplicação do câncer de mama, que foi uma etapa difícil da minha vida”.

Apesar disso, Yasmin sempre teve apoio de casa, o que revela de onde veio sua força. “A minha mãe sempre deu muita força pra gente, sempre falava para continuar estudando”.

Com a chegada da vida adulta, mudança de cidade e início de um projeto de pesquisa, Yasmin, entre piscadas delicadas e fala tranquila, evidenciando sua juventude, relata uma de suas dificuldades. “A maior dificuldade estava em conciliar os trabalhos da faculdade, organizar as coisas da casa, comer… Mas a gente vai amadurecendo e entendendo”.

Além disso, se mostra paciente com si mesma ao entender seus processos. “É muito importante que a gente descanse também. Apesar de que às vezes a gente se culpa por descansar, hoje eu entendo a importância”, concluiu.

E a partir disso, a estudante desenvolveu um método de pesquisa com IA (inteligência artificial) que aprimora o diagnóstico de câncer de mama e que foi apresentado no Congresso de iniciação científica da Unesp, ficando em primeiro lugar no curso de sistemas de informação. Yasmin é um reflexo e inspiração aos estudantes e futuros pesquisadores e reconhecer a importância da ciência é fundamental para uma sociedade digna.

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