A marca Dendezeiro encerrou sua trilogia “Brasiliano” com uma verdadeira festa,
trazendo a mensagem de que a cultura e a música periféricas vieram para ficar
Por: Catarina Pereira

Desfile da Dendezeiro na SPFW 2025 – Foto: Catarina Pereira

Com clima de festa tomando a passarela mais renomada da moda brasileira, a Dendezeiro encerrou sua trilogia “Brasiliano” contando a história do sudeste brasileiro. Com tons terrosos e sóbrios, a marca não perde a diversão e a leveza ao trazer como tema principal a “Lei da Vadiagem”, que punia aqueles que se entregavam à ociosidade e mirava no controle da população negra. Dendezeiro desafia a antiga lei ao transformar o desfile em um grande baile.

A marca iniciou a viagem de “Brasiliano” em 2024, buscando retratar, através da moda, momentos históricos de regiões brasileiras. Hisan Silva, diretor criativo da marca, esclarece como se iniciou a trajetória: “A gente começou falando sobre ideais políticos e culturais no nordeste, depois a gente falou sobre esses ideais políticos e culturais no norte, agora a gente está falando sobre o sudeste”.

A Dendezeiro exerce com maestria a função da moda de mostrar diferentes possibilidades e contar histórias sólidas, exercendo cultura e catalogando momentos históricos. A coleção desfilada no último sábado (18), cria um paralelo entre a inspiração da “Lei da Vadiagem” e os bailes dos anos 80 e 90, e mais que isso, cria uma mistura entre a estética da época e dos bailes atuais, conectando o passado e o presente na passarela e trazendo figuras negras importantes do entretenimento atual para serem celebradas. A presença de artistas como MC Cabelinho, MC Carol de Niterói, DJ Caio Prince desfilando, e Tasha e Tracie e MC Davi na plateia são também mensagens simbólicas de que essa festa vai continuar a vibrar em ambientes de grande relevância, dominados pelas elites, como são as passarelas da São Paulo Fashion Week.

O fechamento da trilogia foi também uma comemoração particular da Dendezeiro, que contava com um backstage com presenças importantes para a história pessoal de Pedro Batalha e Hisan, mas também, profissionais que tiveram relevância na trajetória da marca. Uma delas é Suyane Ynaya, editora de moda da Elle Brasil, que atua na área há muito tempo e recebeu o convite para assinar a coleção junto aos meninos. “Eu moro muito de backstage, de outras marcas, e eu fico muito feliz de ter essa representatividade. Apesar das pessoas acharem que essa representatividade está passada. Às vezes parece que as pessoas meio que esqueceram da importância, então ter esse lugar com os meninos, com a força deles, é muito importante para mim”, afirma.

A marca finalizou o projeto de forma digna, honrando uma parte essencial da cultura brasileira e deixando como mensagem a afronta de que as manifestações culturais negras são válidas e serão ouvidas. “A gente vem desvendando esses locais da cultura brasileira junto à política, desde que a Dendezeiro foi fundada”, afirma Pedro.

Desfile da Dendezeiro na SPFW – Foto: Catarina Pereira

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