O estilista comemorou seus 35 anos de carreira trazendo para a sua coleção o Brasil e as especificidades da cultura e natureza do país
Por: Catarina Pereira

Amir Slama foi um dos últimos desfiles da 60° edição da São Paulo Fashion Week e trouxe para as passarelas uma coleção inspirada na brasilidade e que apresentou um enfoque para a Amazônia e a moda indígena. A coleção de moda-praia se consagra como alta costura nas mãos de Amir e é capaz de transmitir a preocupação com as questões ambientais através dos looks desfilados.
O estilista encontrou em suas viagens para a Amazônia inspiração e propósito para a coleção que comemora 35 anos da marca. Junto com a ativista indígena Txai Suruí e a empresária Catarina Bellino deu origem ao movimento “Fashion for Forests”, que foi lançado em seu desfile. O movimento criou a “tree-shirt”, camiseta da marca, cujas vendas serão revertidas para o plantio de árvores em um território indígena em Rondônia.
O início do desfile remete muito à moda-praia, apresentando biquínis com muitas amarrações e cores vibrantes. A mistura de materiais também brinca com texturas, e faz um aceno às questões de sustentabilidade, remetendo ao propósito principal do desfile. O próximo bloco trouxe cores como preto e vermelho e abrangeu questões sensuais sem perder o toque elegante característico da marca. Por fim, a passarela foi tomada por cores, tecidos e imagens que estampam a brasilidade e tornaram o desfile uma verdadeira festa tropical. Com referências que foram do tratado de Tordesilhas, na criação do território brasileiro, passando por inúmeros símbolos da cultura brasileira, em especial indígena, Amir foi capaz de sumarizar em looks a essência vibrante da natureza do Brasil, e dessa forma, reiterar a importância de preservá-la e valorizar aqueles que cuidam dessa.
Outro ponto de destaque da apresentação da coleção foi o elenco, que contava com modelos muito consagrados, como Isabella Fiorentino e Dandara Queiroz. Também se destacou a diversidade que refletia também aquela pulsante no povo brasileiro. Com destaques em modelos mais velhas, Amir se preocupou em trazer ao casting também a representatividade. No entanto, o padrão estabelecido, em especial na moda-praia, segue, com uma grande maioria de modelos exalando a clássica magreza das passarelas.
O discurso político se fez presente através da capacidade linguística da moda, o estilista trouxe para a São Paulo Fashion Week um debate também sobre quem tem conhecimento da terra e a quem ela pertence. Amir foi capaz de representar com maestria o espírito do país, fazendo, com seus looks, o desfile vibrar cor, música e todos aqueles sentimentos verdadeiramente brasileiros, que tornam essa identidade tão bonita. Ainda assim, não deixou de utilizar a face política da moda e chamar atenção para a preservação de nossa tropicalidade.

Acompanhe mais reportagens sobre a edição N60 da São Paulo Fashion Week:
