O estilista escolheu a edição comemorativa da São Paulo Fashion Week para se
aventurar em apresentar seus designs de forma solo, sem mais a companhia de
Flávia Pommianosky
Por: Catarina Pereira

Desfile de Davi Ramos na SPFW 2025 – Foto: Catarina Pereira

Uma estreia na passarela mais renomada da moda brasileira é sempre aguardada, mas uma de um estilista com 40 anos de carreira com certeza instiga muito o público. A expectativa era alta para a estreia autoral de Davi Ramos, que se aventurou em desfilar a coleção “Amor e Laços” de forma individual. Reconhecido pelo trabalho em dupla com Flávia Pommianosky, Davi trouxe enfoque para os seus icônicos chapéus, que começaram a ser estudados desde o início de sua carreira. A partir de 1980 foram criados chapéus únicos para produções de moda, figurinos e desfiles.

Na última edição da São Paulo Fashion Week, o estilista se aventurou em desfilar sozinho suas criações. As roupas da coleção não se destacavam da mesma forma que os adereços, invertendo a lógica tradicional e transformando na realidade as vestes em complementos para os chapéus. Esses se aventuravam em tamanhos, cores e materiais. O chapéu é um trabalho extremamente específico do estilista, e Davi explica que busca trabalhar com esses pois são a forma que encontrou de criar um fio condutor para a sua criação. “O chapéu é um fio condutor que me comunicou com o jovem, que me tira da realidade e faz o look ser notado. E o chapéu e a moda é o que faz essa mágica”.

A passarela foi inicialmente tomada por preto e branco, remetendo aos anos 20, 30, 40 e 50. Então, foram desfilados alguns looks com toques marcantes de cor, finalizando com looks que se aventuravam no neon e na mistura de tons vibrantes, fazendo referência aos anos 80.

O desfile seguiu a lógica de uma rememoração dessas décadas e revisitação das tendências existentes ao longo dos anos para celebrar aquilo que levou a persona Davi Ramos a se tornar o artista Davi Ramos. “Uma coisa muito forte foi a revisitação de todas as décadas. Então, foi ali, como autodidata, que eu fiz matérias anos 20, anos 30, anos 40, 50, 60, 70. E, com isso, foi a minha escola, foi a minha faculdade. Eu acho que o tempo não pode ser tão rápido, não pode ser tão devagar, porque a gente tem muita coisa para aprender, e eu aprendo até hoje”, diz.

A atmosfera brincou com a simetria e o paralelismo no corpo das modelos, enquanto o ambiente era tomado por música clássica, que se intensificava de forma a gerar nos espectadores a sensação de transposição da nossa realidade. Davi explica que a energia delirante foi propositalmente criada, pois vai de acordo com a mensagem que buscava passar com essa coleção. “Então, eu não posso dizer que a moda é real. A gente é fora, um pouquinho, um degrau fora da realidade. E isso é extremamente importante. Eu estou lotado de realidade, da minha”, afirma.

A comemoração na passarela foi clara, e o clima de emoção tomou conta da sala no pavilhão Pacubra ao finalizar o desfile, Davi Ramos teve sucesso em criar a sua identidade própria, que refletiu seu trabalho ao longo dos anos. “A gente tem que fazer as pessoas terem paixão, eu acho que os papéis me dão paixão no meu trabalho. O desfile não é meu. O desfile é nosso”, reitera emocionado e orgulhoso com o resultado de “Amor e Laços”.

Desfile de Davi Ramos na SPFW 2025 – Foto: Catarina Pereira

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