Com mais de 370 filmes em sua curadoria, o evento abarca produções de mais de 80 países e conta com a presença de atores e diretores do mundo todo
Por: Victor Hugo Aguila

A 49ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começou oficialmente no dia 15 de outubro, em uma cerimônia na Sala São Paulo. O evento marcou o início de uma programação que exibirá mais de 370 filmes até o dia 30 de outubro, em mais de 50 salas e espaços culturais da capital paulista.
Além de filmes nacionais, a proposta do festival é apresentar obras de todo o globo, contemplando a produção de mais de 80 países e familiarizando o público brasileiro à novas culturas e suas formas de expressão.
Em 2025, a Mostra conta com nove seções: Perspectiva Internacional, Competição Novos Diretores, Mostra Brasil, Foco Reino Unido, Apresentação Especial, Homenagem, Realidade Virtual, Filmes Restaurados e a 2ª Mostrinha, destinada ao público infantil.
Vincent Tilanus (31), diretor e roteirista do filme holandês “E Mais Alguém”, informou sobre a importância de representar sua comunidade no cinema: “Eu venho de um país onde não se expressa muito as emoções. As pessoas vivem em ambientes isolados e guardam tudo para si. Isso é algo que eu não gosto muito, mas é com o que eu cresci e algo que quis mostrar”.
No longa, é apresentada a história de Tommy (Pier Bonnema), um adolescente de 17 anos que entra em conflitos emocionais e familiares após encontrar mensagens sexuais de seu pai com outro homem. Segundo Vincent, a história é baseada em um momento da sua adolescência: “Quando eu tinha 16 anos, meu melhor amigo descobriu que seu pai estava com outra mulher enquanto sua mãe estava viajando. Eu baseei a reação emocional do personagem em meu amigo. Ele sentiu a responsabilidade de manter a família unida, e eu pensei que essa era uma grande responsabilidade para um garoto de 16 anos”.
Nessa perspectiva, o roteirista informou sobre sua experiência ao escrever personagens LGBTQIA+, como é o caso de Tommy e Abel, seu pai: “Esses aspectos também foram inspirados em eventos reais. Como um homem queer, eu tive minhas próprias experiências, mas quando comecei a fazer entrevistas, as histórias começaram a surgir. Há histórias de pais que se assumiram durante seus casamentos, e até mesmo situações em que, depois disso, seus filhos se assumiram”.
Ainda, Tilanus aprofundou sobre o tema do filme e os elementos psicossociais que pretendeu abordar com sua arte: “Ao escutar a história dos pais, percebi que havia uma inveja e achei isso inspirador. Havia essa dor em relação a uma juventude perdida que era vivida através dos filhos, o que criava uma distância entre eles. Eles achavam difícil se inteirar completamente com as vidas dos filhos, então havia um espaço entre eles. Esse foi um dos pontos iniciais para criar essa relação, que, ao invés de ser uma relação divertida e emocionante, era um pouco fria. Pensei que seria interessante colocar isso em uma dinâmica familiar”.
“E Mais Alguém” é um dos diversos filmes que integraram a seção de Competição Novos Diretores e contou com três exibições na cidade de São Paulo, que atraiu diversos espectadores e amantes de cinema.
Após a exibição, o artista agradeceu e foi elogiado pela fotografia das cenas, reiterando suas referências: “Me inspiro muito no realismo francês e no cinema alemão. Há muitas comédias que são produzidas e muito do cinema mainstream. Além disso, há também os diretores Robert Bresson e Ken Loach. Acredito que essas são minhas inspirações”.
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