Com o alto número de usuários e colecionadores, as chamadas sacolas ecológicas trazem o seguinte questionamento, ecologia ou consumismo?

As ecobags são sacolas de tecido conhecidas especialmente entre os jovens por serem práticas, baratas e durarem anos. Essas sacolas surgem com a intenção de ser uma alternativa sustentável, pois equivalem a cerca de 300 sacolas plásticas usadas por uma pessoa só e tem a durabilidade de aproximadamente 5 anos.

Mas algumas pessoas fazem coleções e coleções de ecobags, esvaziando o sentido da palavra “eco”, que vem de ecologia, ecológico.

Um exemplo é o episódio “Ecovida”, do desenho animado “Ursos sem curso”, onde todos usam as chamadas “ecosacolas” e os ursos Polar, Pardo e Panda não usam, sendo influenciados pelo resto da população, visto que ao usar as sacolas, eles estarão fazendo o bem para a natureza. Mas o comportamento dos ursos se torna obsessivo ao longo do tempo, ultrapassando os limites.

Pardo, polar e panda passam a comprar diversas sacolas de vários tamanhos e estampas acreditando estarem fazendo o certo, pensando que o quanto mais eles comprarem ecobags mais ajuda a natureza estará recebendo.

No próprio episódio a guarda ambiental é chamada, e a responsável cita que para fazer parte da chamada ecovida, uma sacola é necessária, no máximo duas.

Polar, panda, pardo e sua coleção de ecobags.

Trazendo pra vida real, várias pessoas também colecionam ecobags, mal usando-as ou apenas comprando mais e mais, o que torna a situação preocupante para o meio ambiente, por incentivar o consumismo.

Afinal, qual é o verdadeiro significado da palavra ecobag, elas são realmente ecológicas ou se tornaram apenas mais um item comum, sem sentido algum?

Para ajudar na reflexão, o jornal contexto entrevistou uma colecionadora de ecobags, Ana Julia de Souza, estudante de jornalismo de 19 anos.

Ana Julia possui aproximadamente 7 ecobags em sua coleção, que vem se expandindo.

Algumas das ecobags da coleção de Ana Julia. Foto:Lucas Gabriel de Souza

A jovem conta que inicialmente não pretendia colecionar e que começou sua coleção ao pegar uma ecobag que era da mãe.

“Eu comecei a usar muito ela, mas ela rasgou o fundo, eu costurei mas pensei: Tá na hora de ter uma nova.”, explica, ainda sobre a sua primeira sacola.

“Eu pretendia ter umas duas, aí eu comprei uma nova, comprei uma básica pra pintar com meus amigos, depois ganhei outra e virou isso, uma coleção.”, acrescenta.

Perguntada sobre o uso das ecobags, ela cita que usa todas as que possui em sua coleção, a depender do momento.

“Cada uma para uma ocasião, num look diferente, mas uso. Algumas mais que outras, mas uso.”, conta a estudante.

Ana também pontua a praticidade e versatilidade das ecobags, fatores que facilitam seu uso em qualquer lugar.

“Eu uso muito pra ir ao centro, porque as vezes uma bolsa de verdade não é o que eu quero passar, não cabe uma garrafinha numa bolsa, por exemplo. E uma mochila é muito grande.”, completa.

Sobre as ecobags fazerem mais parte do estilo de quem coleciona do que uma alternativa mais ecológica, a entrevistada concorda.

“É muito mais do meu estilo, porque eu não vejo muito mais na parte ecológica, porque onde você vai tem ecobag e as vezes nem é ecológica, se você vê a produção é como se fosse uma bolsa de pano normal.”

Por fim, a jovem acredita que é mais fácil ter várias ecobags por elas serem mais baratas e práticas de serem usadas.

“Sim, porque por ser mais prática, é mais barata. Bom, mais barata na verdade depende. Algumas não são tão baratas assim, mas eu acho que no geral, compensa sim.”, finaliza Ana.

Logo, apesar de essas sacolas terem sido criadas com um intuito nobre, o de preservar a natureza, o consumismo, esse ciclo de compra que pode se tornar vicioso e o descarte é prejudicial não só para o planeta, mas para a palavra, que perde seu significado.

Para a fabricação destas, é utilizado algodão e vários outros materiais que demandam recursos naturais para serem fabricados. Além do processo de cultivo, que pode incentivar o desmatamento. E com o aumento de demanda para estes produtos, cada vez mais prejudicado sai o meio ambiente.

Deixe um comentário