Uma homenagem ao dia do cinema brasileiro, que celebra 127 anos de história, e tem um futuro promissor
Por Jhenifer Oliveira

Amanhã (19) é celebrado o Dia do Cinema Brasileiro, e a data chega em um momento especial para nosso audiovisual. Após muitos anos de desafios, cortes de verbas e incertezas o cinema nacional vive um momento próspero e de retomada. As produções têm ganhado cada vez mais espaço em festivais internacionais ganhando prêmios, e atraindo o público nacional e internacional para dentro das salas de cinema.
Lá fora, o cinema brasileiro já mostrou e continua provando que tem qualidade para conseguir competir de igual para igual com produções internacionais. Nos últimos meses, o Brasil conseguiu se destacar em várias disputas apesar dos desafios com desmontes culturais. No começo do ano, vimos o filme “O Último Azul” de Gabriel Mascaro ganhar o prêmio Urso de Ouro em Berlim, já no mês passado no Festival de Cannes, o novo longa “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça, concorreu a 3 categorias e conquistou 2 prêmios. Ambos os filmes ainda não foram lançados para o público assistir, mas já há uma grande expectativa de talvez ser indicado ao Oscar 2026, igual a “Ainda Estou Aqui” de Walter Sales, que ganhou uma estatueta de “Melhor Filme Internacional”
A Ancine (Agência Nacional do Cinema) revelou em uma pesquisa que em 2024, o cinema brasileiro atraiu 9 milhões de pessoas a mais do que em 2023, e que 3,7 milhões foi por conta de produções nacionais. A alta foi de mais de 240% de um ano para o outro. A indústria cinematográfica trabalha constantemente não só para conquistar prêmios, mas também para alcançar o aumento do público nacional.
A crítica de cinema Barbara Demerov, em entrevista para o Jornal Contexto, apontou que “o cinema ainda é um tanto elitista, e é muito difícil quebrar a barreira de que a população tem que consumir produções nacionais indo até o local, sendo que, em casa eles tem acesso à TV aberta com novelas super cinematográficas. Eu vejo “Ainda Estou Aqui” como um divisor de águas, que fez as pessoas que veem TV e não vão ao cinema entenderem que o Brasil é muito bom em produzir filmes”.
Demerov também falou sobre a formação de um círculo que impulsiona o governo a dar mais suporte para a parte cultural além do futebol e das novelas. Após o último governo, a Ancine e o Ministério de Cultura ficaram desestabilizados, e o que presenciamos agora é um retorno das crenças de que o Brasil pode chegar mais longe do que se imagina com sua cultura.
Segundo a crítica, “está ficando cada vez mais atraente e claro para investidores e para o governo que a máquina que gera emprego também tem muito a ver com o cinema. Então, quanto mais valorizar novos filmes e produções, o Brasil tende a ganhar mais trabalhos, dinheiro, visibilidade e relações”.
Apesar de ser um momento em que o Brasil está tendo bastante visibilidade, o cinema brasileiro ainda enfrenta alguns desafios, como a cota de tela e a regulamentação do streaming. A cota de tela, que garante espaço mínimo para filmes nacionais nos cinemas, mas vive sob ameaças de extinção e redução.
“Os cinemas têm que exibir filmes brasileiros em horários bons. Recentemente, eu fui ao cinema assistir a um filme internacional e percebi que Manas, que é brasileiro, só estava disponível no domingo às dez da noite, que é uma sessão super inviável para a maioria da população, é revoltante que isso ainda aconteça”, diz Demerov sobre a exibição de produções nacionais.
A crítica também afirma que os streamings fazem com que vários trabalhos cinematográficos fiquem em desvantagem tanto na remuneração de quem produz quanto na visibilidade dentro das plataformas. Então, o certo seria produzir mais obras nacionais, para valorizar os profissionais do audiovisual local.
