Entre jovens e adultos, criadores de conteúdo são tratados como ídolos

Foto: @Connectwithfreepik / Desenhado por Freepik

Por Maria Eduarda Clementino

Com a ascensão da era digital, qualquer pessoa com acesso à internet e um celular na mão pode ocupar um espaço de destaque e se tornar conhecida por meio de redes sociais como Instagram, TikTok ou YouTube.

É na tela de um dispositivo móvel que surgem os influenciadores digitais, figuras públicas que conquistam fama, engajamento e admiração.

Com suas publicações, influenciam no cotidiano de milhões de jovens e adultos, sendo vistos como ídolos.

Para a psicóloga Bárbara Campos, doutora em Psicologia pela Unesp Bauru, a idolatria em torno dos criadores de conteúdo está ligada ao estabelecimento de conexões emocionais reais e constantes com seus seguidores, ao compartilhamento de detalhes íntimos de suas rotinas e à exibição de um estilo de vida aparentemente acessível e inspirador. “Esse fenômeno é potencializado por fatores da sociedade atual, como o isolamento social e a busca por pertencimento e por referências”, afirma.

Ela acrescenta que as plataformas digitais facilitam mais esse tipo de vínculo. “A identificação e a sensação de proximidade, levam seguidores a enxergarem os influenciadores como modelos de sucesso, comportamento ou estilo de vida”.

A psicóloga Bárbara Campos. Foto: Arquivo pessoal

Segundo a especialista, a confiança dos fãs em seus criadores de conteúdo preferidos também surge desse sentimento de intimidade. Em alguns casos, pode haver até mais identificação com o influenciador do que com pessoas do convívio pessoal, especialmente quando o seguidor enfrenta dificuldades de conexão ou comunicação em seus círculos sociais.

Quanto aos possíveis riscos dessa idolatria, a psicóloga comenta que “como tudo na área de saúde mental, depende.” Como não há estudos suficientes, ela prefere não afirmar com certeza. No entanto, destaca inferências a partir de algumas observações de comportamentos atuais:

  • Riscos à saúde mental: a comparação constante com padrões irreais de beleza, sucesso ou estilo de vida pode provocar insatisfação, baixa autoestima, ansiedade e até depressão, principalmente em jovens.
  • Consumismo e endividamento: o incentivo ao consumo de produtos e serviços promovidos por influenciadores pode levar a compras impulsivas e gastos além das possibilidades financeiras.
  • Desinformação: seguir conselhos de influenciadores sem embasamento técnico, especialmente em áreas como saúde, finanças ou estética, pode gerar riscos sérios, como adoção de práticas perigosas ou compra de produtos de qualidade duvidosa.

De acordo com Bárbara, é possível adotar formas saudáveis de seguir e se inspirar em criadores digitais, desde que haja consciência crítica, uso do conteúdo compartilhado como inspiração – e não como motivo de comparação -, limite do tempo de tela, busca para ampliar perspectivas evitando se basear em uma única fonte, além de manter conexões reais.

“Em resumo, a relação com influenciadores digitais pode ser positiva quando baseada em inspiração, senso crítico e equilíbrio, evitando a idealização e a dependência excessiva”, conclui.

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