Apontado como um dos grupos mais difíceis da competição, o grupo B reúne gigantes europeus, sul-americanos e norte-americanos dispostos a provar seu valor na Copa do Mundo de Clubes.

Por Rafael Fernandez
Grupo da Morte?
O grupo junta quatro universos distintos em confronto: o brilho avassalador de um PSG acostumado a sonhar alto, a teimosia tática de um Atlético de Madrid que faz da retranca sua arte, a paixão imprevisível de um Botafogo forjado na Libertadores e o espírito sonhador de um Seattle Sounders pronto para aprontar. É a promessa de choques de estilo onde qualquer deslize pode virar história.
Paris Saint-Germain
Os atuais vencedores da Champions League chegam embalados por uma goleada histórica – 5×0 sobre a Inter de Milão – e ostentam no plantel verdadeiros “dream teams” dos “low profiles”. O clube parisiense se classificou via ranking da UEFA de equipes e pela sua conquista inédita no cenário europeu de mais alto escalão. “É o típico time que não tem ponto fraco — tem craque em todas as posições, do Donnarumma no gol ao Dembélé na frente. Se existe candidato que já nasce com a taça na mala, é o PSG”, opina Wallace Borges, comentarista da TNT.
Renato Rodrigues, jornalista de mesma emissora, concorda no essencial: “com o Dembélé agudo e imprevisível, o Vitinha dando classe na meia e a promessa Desiré Doué trazendo frescor, o PSG tem um time completinho e muito bem alinhado e focado com os ideais do treinador, isso tudo tem cheiro de ir longe na competição”.
Sob o comando visionário de Luiz Henrique, a defesa sólida, o meio-campo versátil e um ataque que troca constantemente de posições se entendem perfeitamente e ainda por cima tem empenho total na defesa. Dembélé, Desiré Doué, Kvaratskhelia e Vitinha formam um quarteto que abusa da criatividade e intensidade – tudo para conquistar um título que jamais andou pelo museu do Parque dos Príncipes e que chegaria sem a necessidade de qualquer contratação para aumentar o peso do elenco.
Depois de uma temporada mediana – com eliminação nas oitavas da Champions League para o rival Real Madrid e um terceiro lugar no Espanhol sem brigar pelo título nas últimas rodadas –, os atleticanos veem no Mundial de Clubes a chance de redenção. Wallace elogia que “para eles, é quase um exorcismo da temporada: se entrar concentrado, solto e com o espírito de batalha do Simeone, pode bagunçar a ordem dos favoritos”.
Já Renato é mais cético: “vejo um time taticamente engessado, aquela marcação trôpega do “cocho’’ que às vezes vira pedra no sapato até dele mesmo. Pode sufocar, mas pode faltar criatividade.” Classificado pelo ranking da UEFA (substituindo o Barcelona que ficou fora por desempenho abaixo), o Atleti ainda aposta em Julián Álvarez, Antoine Griezmann e no goleiro Oblack para equilibrar disciplina e gols – somando forças para provar que, na base do suor, o passado recente pode ficar no retrovisor e uma vitória inédita desse novo campeonato pode trazer o clube para os maiores palcos mundiais como nunca antes haverá.
Botafogo
O campeão da última Libertadores desembarca com moral e reforços certeiros: Arthur Cabral, Joaquín Correa e o jovem Álvaro Montoro, meia ofensivo do Vélez. Wallace destaca que “se o Fogão der o máximo — tudo que tem de melhor, na tática, no físico e naquele DNA raça — pode brigar por uma vaguinha inusitada no meio desses jogos complicadíssimos”.
Renato, por sua vez, vê riscos do clube cair já na fase de grupos. “Acho que vai ter lampejos, gols de bola parada, mas oscilará demais. Num grupo tão equilibrado, quem oscila acaba pagando caro – talvez não passe. O Botafogo vai precisar dar seu máximo aliado a uma tática muito equilibrada com jogadores completamente focados e abraçados as ideias do treinador”.
Savarino e Igor Jesus mantêm o vigor ofensivo, além de reforços de peso visando diretamente lutar por esta competição tão importante para a visibilidade dos sul-americanos, porém o verdadeiro teste chegará quando a bola rolar, e o técnico precisar alinhar equilíbrio entre a bravura sul-americana e a precisão europeia mortal em seus ataques.
Seattle Sounders
O underdog do grupo, classificado pela Champions Cup da CONCACAF 2022, não se espera que o clube faça tanto barulho em grupo tão complicado como esse, “se fizer ponto, é festa lá em Seattle”, como comenta Wallace.
Pedro de la Vega, grande esperança de gols, carrega a missão de surpreender frente aos gigantes. Ciente de que poucas chances reais terá, o Sounders deposita na garra e na coesão de elenco a única rota possível para gerar um milagre e deixar o mundo todo boquiaberto.
A guerra entre continentes
O grupo B da Copa do Mundo de Clubes de 2025 é como um xadrez de superpotências: de um lado, o poderio financeiro e técnico do PSG, pronto para ditar o ritmo; do outro, a coragem guerreira do Atlético de Madrid, ainda marcado pela disciplina quase monástica de Simeone. No canto sul-americano, o Botafogo carrega no peito a garra de quem conheceu bem o sabor da Libertadores, mas terá de domar suas oscilações para não se tornar coadjuvante. E, por fim, o Seattle Sounders surge como wildcard: pouco cotado, mas capaz de, com uma arrancada de pura determinação, adicionar uma pitada de caos ao roteiro dos gigantes. É nessa fusão de estilos — do toque refinado europeu ao suor visceral latino, passando pela audácia improvável da MLS — que se desenha um duelo onde a estratégia e o coração serão tão decisivos quanto os craques em campo.


Wallace Borges e Renato Rodrigues, comentaristas da TNT Sports Fotos: Instragram
