Violência no futebol: criminalização e resistência

Para o presidente da torcida Independente, a violência é um reflexo da sociedade e que está presente em todo lugar

Por Kelly Naphtali

A violência nos estádios é um problema de raízes profundas e, muitas vezes, vista com normalidade e onipresente na sociedade, seja entre os torcedores, jogadores.

Desde o surgimento das torcidas organizadas, no final da década de 40, a violência no futebol brasileiro vem se intensificando, de forma que as rivalidades entre os clubes partiram para fora de campo. O que leva a associar as instituições organizadas à agressividade e, consequentemente, toda culpa recai sobre as torcidas, inclusive as penalidades, que incluem multas e proibição de ir aos jogos.

Para Henrique Gomes, presidente da torcida Independente, do São Paulo, “deve-se punir o CPF e não CNPJ. Estamos mostrando que se deve punir o indivíduo”. Mas ele explica que nem sempre é assim: “se detectam [a polícia] um torcedor brigando na rua, veem a camiseta da entidade, que leva a punição”, diz.

Essa crítica de Henrique também explica como as penalidades são aplicadas. Ele afirma que um indivíduo não representa a torcida inteira. Dentre as medidas atuais tomadas para redução da violência do meio, para ele a implantação de catracas com reconhecimento facial nos estádios é uma evolução na identificação dos infratores.

Outras tentativas de prevenção, como a criação do Estatuto do Torcedor, multas e torcidas únicas tem se mostrado insuficiente. É necessário um canal de diálogo de todos os lados e conscientização de que a violência no meio futebolístico antecede a existência das torcidas organizadas.

Para ele, a responsabilidade não é só do poder público, mas também das torcidas. “Temos reuniões mensalmente, apresentando deveres e direitos; orientações de apoiar o time e ter segurança”.

Apesar dos crescentes casos de violência e sua intensificação, Henrique destaca a importância da entidade, com trabalho social e cultural dentro do esporte, num ambiente que seja seguro para todos. Além disso, ele se mantém esperançoso e acredita que as torcidas estão indo para o caminho certo.