Com mais de trinta anos de história, o Jardim Botânico de Bauru é referência em conservação e educação sustentável na região. Seus 321 hectares correspondem a uma das maiores e mais importantes reservas do Cerrado Paulista
Por Isabela Nascimento
Localizado no município de Bauru, em São Paulo, o Jardim Botânico Municipal funciona desde 1994 e recebe mais de 70 mil pessoas por ano. Sua importância vai além do nível regional, pois o Jardim tem papel federal e reconhecimento internacional.
Mais do que a coleção de espécies, o Jardim realiza campanhas e projetos educacionais para a comunidade local. Também promove a educação, com a realização de pesquisas científicas não só dentro da instituição mas por parte de pessoas externas.
A história do Jardim Botânico

Estação de captação de água em Bauru de 1940. Foto: acervo JBMB
O atual Jardim se localiza em uma antiga área de extração de água em Bauru que mais tarde, em 1987, foi convertida em um Parque Ecológico. O parque tinha por objetivo proteger a fauna e a flora locais, além de proporcionar um ambiente agradável para os visitantes.
Foi então, em 1994, que o Parque “Tenri: Cidade-irmã” se transformou em um jardim botânico, com objetivos voltados para preservação e pesquisa. Posteriormente, em 1997, a gerência do JBMB analisou a possibilidade de abri-lo à visitação pública além da sua reserva.
O então diretor do Jardim e atuante até hoje, Luiz Carlos de Almeida Neto, destaca a importância dessa ação. “Ao abrigar as coleções dentro de uma área de visitação, você pode mostrar ao público a importância do trabalho de conservação desenvolvido”.
Em 2018, a reserva de Bauru passou a integrar o Refúgio da Vida Silvestre Aimorés, uma unidade de proteção integral. Já em 2022, por meio da Aliança Brasileira de Jardins Botânicos, o JBMB se tornou membro do Botanic Gardens Conservation International, atuando assim não apenas em nível local, mas possuindo um contexto internacional.
Os objetivos e valores do JBMB

Centro de Visitação. Foto: Isabela Nascimento
A visão institucional do Jardim Botânico Municipal de Bauru é basicamente conservar a flora. Luiz, gerente do Jardim, explica como uma área de uma cidade pode impactar na conservação de plantas de todo o país.
“A missão é conservar a flora nacional, mas com foco na regional. Então, na verdade, a somatória de todos os jardins botânicos, onde eles estão instituídos, localizados, se você somar todos os trabalhos deles, você vai estar conservando grande parte da flora nacional do país onde eles estão instalados”
Luiz conta um pouco sobre a complexidade em garantir uma representatividade das espécies coletadas. Ele explica que é importante possuir indivíduos de uma mesma espécie, provenientes de locais diferentes, para aumentar a sua variabilidade genética.
“Todo indivíduo aqui tem uma numeração, que a gente chama de tomba, e tem informações a respeito desse indivíduo. Não é simplesmente ter uma árvore, porque ela é bonita ou faz sombra. A gente tem uma história por trás disso”, reforça o gerente do Jardim.
Além disso, a população é fundamental nesse processo. Segundo Luiz, “não existe conservação sem a comunidade.” É necessária uma educação ambiental contínua para despertar o interesse local para a preservação.
Dentre as atividades do Jardim Botânico, estão as pesquisas científicas, tanto as realizadas internamente, quanto as despertadas pelo público de fora. Esses trabalhos são feitos não só por faculdades do município, como também outras instituições distantes que encontram no JBMB a oportunidade de contribuir com a produção de conhecimento proporcionada pelo Jardim.
“Nós temos que educar e proporcionar ou promover ou fomentar a pesquisa científica”
E para fazer com que a comunidade se sinta integrada à preservação, são desenvolvidos projetos e campanhas. Dentre esses, destacam-se atividades para corpo e mente, curso de férias e oferecimento de cursos e palestras.
A campanha educativa “Eu curto sagui” começou com a percepção de que os saguis do Jardim Botânico estavam morrendo. Com a expansão da necessidade, a campanha também se estendeu a localidades vizinhas afetadas, tornando-a ainda mais importante que no início.
Outro projeto chama-se “Mãos que veem, plantas que curam.” Nele, crianças de escolas da região têm a oportunidade de conhecer o jardim sensorial medicinal do JBMB de olhos vendados e acompanhados por monitores cegos. Esse é um projeto socioambiental que conecta a população com o ambiente.

Luiz Carlos de Almeida Neto. Foto: acervo pessoal
Para conhecer mais sobre os projetos e pesquisas realizados no Jardim Botânico Municipal de Bauru acompanhe pelas redes sociais ou acesse o site https://www.jardimbotanicobauru.com.br/
