O remake é a aposta para a comemoração do 60° aniversário da Rede Globo e as mudanças e as expectativas para a novela são altas.
Por Beatriz Soares, 28 de Abril de 2025.
A nova versão da novela Vale-Tudo completa um mês de exibição nesta quarta-feira (30). Ainda é cedo para dizer se a nova edição conseguirá superar a primeira, mas a alta audiência do início da novela aumenta as expectativas.
O remake retorna à programação da Globo e traz mudanças significativas quando comparado à primeira versão. A principal delas é da personagem Maria de Fátima, interpretada por Bella Campos, que almeja ser famosa e conhecida socialmente e faz isso através do seu perfil no Instagram – @fatimaaciolireal – que já acumula mais de 300 mil seguidores, revelando a aprovação da novela pelo público.
Perguntado sobre o novo elenco em entrevista, o jornalista cultural Thiago Theodoro afirma que a mudança mais significativa é um elenco que transmite a cara do Brasil. “As principais mudanças do elenco são as que vão na direção de representatividade de pessoas pretas, que são a maioria do Brasil.”, cita. O jornalista acrescenta que Raquel, interpretada por uma mulher negra -Taís Araújo – é a maior mudança, na tentativa de corrigir um erro da versão de 1988.
Vale-Tudo é considerada a maior teledramaturgia da Rede Globo. A novela foi o título escolhido como marco da comemoração dos 60 anos da emissora. Temas como corrupção, honestidade, dependência e até violência doméstica marcaram a primeira versão. Thiago revela que “o fato de visitar esse clássico já torna essa adaptação uma oportunidade de reflexão sobre que aconteceu com o país nos últimos quase quarenta anos”. O grande mote da abertura “Brasil, mostra a tua cara” é a tentativa de adequar os temas antigos para o contexto atual e demarcar as principais diferenças históricas, culturais e socioeconômicas do Brasil de hoje.
Outra face importante da trama são as diferenças políticas em que cada telenovela foi produzida. A primeira edição foi produzida no período após a Ditadura Militar no país, sendo a última obra a ser revisada e aprovada pela censura prévia. A novela tinha como função descrever o Brasil e o que é ser brasileiro depois de governos golpistas e ditatoriais. A segunda versão marca um Brasil polarizado politicamente, imerso na onda global do conservadorismo. Thiago considera que o remake vem de um processo de ‘desdemocratização’ do país, no qual a população esquece do quão trágico pode ser a volta de governos golpistas. O jornalista também diz ‘é uma oportunidade de a gente olhar, pra trás por meio de um produto tão brasileiro que é a novela, e entender o que aconteceu com a gente até aqui, porque vivemos num momento em que parece que o ontem não existiu’.
A média de 21,9 pontos de audiência da novela indica que a trama ainda não cativa o público, oscilando entre os acontecimentos mais relevantes da história. Quando perguntado se é possível a nova versão superar a primeira, Thiago diz: ‘Acho impossível, se a gente considerar prestígio sinônimo de audiência, que a novela vai ser importante como era em 1988, …porque hoje a nossa atenção está sendo disputada por muitas outras mídias e formas de se divertir’. Ainda assim, o remake aproveita a credibilidade da versão antiga de Vale-Tudo como o “grande novelão” da Globo e promete surpreender cada vez mais a audiência. Na opinião do jornalista, ‘à medida que a novela se propõe a ser uma um entretenimento de qualidade e discutir as questões que são importantes para o povo brasileiro, acredito que esse prestígio possa vir’.
A novela é exibida de segunda a sábado, a partir das 21h na programação da Globo. Para assistir a algum episódio já transmitido é preciso ter uma assinatura do streaming Globoplay, no qual a primeira versão completa está disponível.
