A importância da fotografia esportiva e seu papel como testemunho histórico, narrativa e memória
Por Gabriela S. Conceição

No dia 1º de junho comemoramos o Dia da Imprensa e pouco se falou sobre uma técnica que é imprescindível para o exercício do jornalismo: a fotografia esportiva. Foram diversas as vezes em que os registros fotográficos tiveram um grande peso na mídia. Um exemplo é a foto tirada da luta na qual Muhammed Ali nocauteia Sonny Liston em 1965 e, hoje, 60 anos depois, o registro de Neil Leifer ainda é considerado uma das melhores fotos do ramo esportivo.

Para muitos, a memória de um evento importante está mais evidente nas fotos do que nas manchetes. Essa ideia fortalece o papel da fotografia como narrativa, memória e testemunho histórico, principalmente no esporte. O fotógrafo do Atlético-MG, Pedro Luiz de Souza Caldeira, afirma que o futebol é sentimento. “Se você está fotografando a arquibancada ou fotografando o campo, você vai conseguir transmitir um sentimento”, diz.


Pedro Luiz de Souza Caldeira – Foto:
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“Seja o jogador rindo depois de um gol, bravo depois de levar um cartão ou a cabeça baixa do adversário depois de tomar um gol. Nesses momentos você não precisa explicar o que aconteceu, a foto já mostra tudo”, afirma Pedro Souza.

O fotógrafo e moviemaker, Mateo Monteiro, compartilha da mesma opinião e adiciona: “Acho que é superimportante essa parte do registro, do audiovisual, porque o momento fica eternizado e, se o profissional for bom, ele consegue passar toda essa sensação do que estava acontecendo no momento”.


Mateo Monteiro – Foto: Rubão Machado

As fotografias possuem um grande impacto nos leitores, mas são os fotógrafos que possuem a função de garantir que as fotos transmitam emoções. No ramo esportivo, existem dificuldades para realizar os registros. Para Mateo, a dificuldade é manter a atenção, visto que o futebol é um esporte muito rápido. Ele pontua que “normalmente tem 40 mil pessoas no estádio, então é muita gente, muito barulho e tudo acontece muito rápido no jogo, não pode vacilar”.

Já para o Pedro, entender o sentimento do torcedor é o mais difícil: “Não adianta só ter habilidade, precisa ter um lado torcedor dentro de você para conseguir transmitir o sentimento através da foto”.

“Muita gente fala que precisa seguir a parte técnica e eu sou da ideia de que se você acha que conseguiu passar da forma que viu a cena, tudo certo. A partir do momento que você está passando a informação com uma pitada do seu olhar, com certeza vai transferir o que aconteceu”, explica Pedro Souza.

É o olhar atento do fotógrafo que congela um acontecimento em um registro eterno, mantendo a emoção e preservando a história. Para ilustrar essa importância, Pedro Souza e Mateo Monteiro selecionaram fotografias que representam um grande significado pessoal.

A imagem destacada de Pedro Souza, por exemplo, foca no jogador Hulk, que está com uma postura confiante e determinada. Ao fundo, o galo, mascote do Atlético-MG, cria uma conexão entre o atleta e a identidade do clube. Essa foto foi tirada no primeiro jogo das oitavas de final da Copa do Brasil de 2022 contra o Flamengo, partida na qual o Atlético ganhou de 2 a 1. Ela gerou um grande impacto na época e concedeu a Pedro um prêmio de ‘melhor foto de 2022’, em um concurso criado pelo departamento de comunicação do Mineirão.

Em seguida, temos o trabalho de Mateo. A imagem que ele selecionou diz sobre seu trabalho como fotógrafo e sua visão como corintiano. A fotografia capta um momento de emoção entre os torcedores do Corinthians. Ela é um lembrete visual que a torcida está presente em qualquer situação, a paixão pelo seu time é enorme.

Mateo destaca: “Essa foto eu gosto bastante, pois mostra o amor pelo clube de duas gerações diferentes. Fotografar a torcida me deixa com uma sensação de que tudo é mais real, mais verdadeiro. Eles estão lá apenas por amar, diferente dos que estão em campo”.

Em um mundo de constante mudança, a fotografia esportiva serve como um resgate a história de todas as conquistas realizadas. O trabalho de profissionais como Pedro Souza e Mateo Monteiro reforça o papel da imagem, não o de ilustrar a notícia, mas o de informar, emocionar e eternizar. As fotos podem registrar momentos únicos que ficam gravados na memória do profissional e do público.

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