Médicos vêem com preocupação o uso cada vez maior do cigarro eletrônico

Por Kelly Naphtali

O cheiro pode ser de melancia, uva ou outra fruta. Sua venda é proibida no Brasil, mas seu consumo é cada vez maior por adolescentes de classe média. Estamos falando do vape, o cigarro eletrônico, que surgiu na China em 2003. Hoje, os médicos são unânimes em afirmar os malefícios do vape.

Um dos principais diferenciais do cigarro eletrônico é seu design tecnológico, com sabores, cheiros e cores atraentes, tornando mais fácil seu uso por ser acessível em qualquer lugar. Foi isso o que atraiu a jovem Laura Beatriz Nascimento, de 27 anos, que utilizava diariamente. “Podia fumar em qualquer lugar, pois o cigarro eletrônico não deixa cheiro”, relembra ela.

Seu uso a longo prazo não é totalmente conhecido, mas se sabe da liberação de substâncias tóxicas cancerígenas, aumentando o risco de doenças cardíacas e pulmonares.

Laura teve seu primeiro contato com vape em 2016 quando morava fora do país e voltou a usar em 2020, período da pandemia em que, na busca por uma renda extra, começou a vender e consequentemente, usar o cigarro eletrônico, por quatro anos seguidos, até o final de 2024, quando recebeu seu diagnóstico de câncer. “Acabei fumando o cigarro eletrônico durante quatro anos. Só parei quando descobri o câncer”.

Seu primeiro contato com a nicotina foi por meio do tabaco de forma esporádica aos 15 anos, em busca de validação no seu ciclo social. “Foi uma coisa de experimentar uma vez ou outra, toda a galera fumava e eu sentia que precisava fumar para estar inclusa”, relembra.

Laura buscou ajuda médica após começar a sentir pontadas e dores no peito. Após alguns exames foi constatado um nódulo, que foi retirado juntamente com metade de seu pulmão.

Atualmente, Laura está em acompanhamento oncológico e usa suas redes sociais para contar sua história e alertar os jovens sobre os perigos do cigarro eletrônico.

Para a médica Fernanda Alcalde, clínica geral em Itatiba, além de provocar diversas doenças crônicas nos pulmões, o Vape é responsável pelo surgimento da lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico (Evali), identificada em meados de 2019, nos Estados Unidos, após estudo de diversos casos com sintomas semelhantes e um fator em comum entre os pacientes: o uso de vapes. “O Vape produz as mesmas alterações do cigarro, somado as seus riscos específicos, por ser composto de vapor de água e substâncias tóxicas diferentes que danificam os tecidos pulmonares”, explica a médica.

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