Ingressantes da Unesp Bauru enfrentam dificuldades com o sistema do Restaurante Universitário devido à falta de refeições, longas filas de espera e adaptação à nova vida.

Por Miguel Bueno

No dia 8 de abril, os estudantes da Unesp (Universidade Estadual Paulista) do campus de Bauru foram ao Restaurante Universitário (RU) se manifestar por mudanças no sistema de refeições. O panelaço contou com uma estimativa de 400 alunos, dos quais grande parte eram ingressantes da universidade, de acordo com o Afronte!, um dos movimentos que tomou frente na manifestação.

A manifestação teve como reivindicações o maior número de refeições, o fim do sistema de reservas e o cancelamento da terceirização do RU. Os estudantes alegam quantidade insuficiente de refeições para o total de alunos do campus e problemas recorrentes com o site de reservas. Diante desses problemas, os calouros foram prejudicados, ficando sem refeições, por serem novos no sistema e não terem experiência com o funcionamento da universidade.

“Os caloures têm a especificidade de não só estarem se adaptando à universidade (mudança de cidade, ter de se sustentar, novo ritmo das aulas, nova forma de se relacionar com os professores) como também terem tido suas expectativas quanto à universidade pública frustradas”, ressalta o Afronte! sobre como os problemas do RU afetam os calouros.

Muitos dos alunos se mudaram de suas cidades para estudar na universidade e dependem do RU para se alimentar, como é o caso de João Cameran, estudante de Jornalismo, e Maria Eduarda de Oliveira, estudante de Comunicação: Rádio, Televisão e Internet, que utilizam o RU em média 4 dias por semana. Ambos tiveram problemas com a grande fila dos sistemas de reserva.

“A fila de espera é enorme. Terça passada eu entrei no SISRU (Sistema de Restaurante Universitário) por volta das 7h20 pra comprar as refeições e tinha mais de 300 pessoas na minha frente”, disse Maria Eduarda. “Eu vejo que tem pessoas que precisam dessas refeições bem mais do que eu. Por mais que seja um direito meu como universitária da Unesp, com esse pequeno número de refeições eu não compro para não tirar o prato de quem realmente precisa”, complementa a aluna.

São recorrentes os casos em que alunos ficam sem fazer alguma refeição no dia porque não conseguiram consumir no RU, como relata João Cameran, que disse já ter passado por essa situação muitas vezes. Alguns estudantes conseguem se alimentar de outras maneiras, ainda que mais caras, quando não conseguem garantir sua refeição no restaurante, “Algumas vezes compro uma mistura simples e minha mãe me dá uma ajuda nesses casos, mas tem vezes que só consigo comer arroz pra me alimentar”, informa João.

Após as recorrentes manifestações, a Unesp aumentou a quantidade de refeições no RU do campus para 1.500 (anteriormente 1.300). Entretanto, os estudantes ainda planejam seguir com os movimentos estudantis, como as paralisações e manifestações.

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