O impacto da universidade na vida e bem-estar mental dos estudantes e onde podem encontrar suporte dentro da faculdade.

Por Rebeca Mattos

A Organização Mundial de Saúde (OMS) realizou uma pesquisa onde foi relatado que cerca de 35% dos estudantes universitários enfrentam algum tipo de problema referente à saúde mental, na qual ansiedade e depressão se apresentaram como os maiores destaques. Diversos fatores contribuem para o aumento desses transtornos, como por exemplo a pressão em se destacar dentre os demais e o medo de não atingir as expectativas colocadas sobre si mesmo. 

“A vida acadêmica tem afetado minha saúde mental principalmente pela busca por validação. Às vezes sinto que preciso provar meu valor o tempo todo, tirando boas notas ou sendo melhor que meus colegas nas matérias do curso. Isso acaba me gerando ansiedade e uma constante comparação com outras pessoas.” Apontou uma aluna ao ser questionada sobre os impactos gerados pela universidade em sua saúde mental.

Além de questões ligadas à cobrança, as mudanças enfrentadas pela transição do ambiente escolar para o universitário são indícios claros de grande piora na saúde mental de calouros dentro das instituições. Isso se dá pela vinda de grandes responsabilidades e o choque de realidade ao se deparar com o “mundo adulto” e universitário de maneira simultânea e a dificuldade de conciliação de ambos.

“Muitas vezes interfere na minha vida social e sobrecarga de tarefas, de modo que algumas vezes não há tempo para realizar alguma atividade.” Destacou uma aluna do curso de direito. 

Por se apresentar como um assunto que vem ganhando maior notoriedade, é possível identificar programas e projetos dentro de faculdades que buscam trazer um espaço em que o aluno se sinta confortável para acessar caso sinta que é necessário suporte profissional para se obter ajuda. Um programa exemplo é o NTAPS (Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial), que se encontra presente na UNESP (Universidade Estadual Paulista) Júlio de Mesquita Filho, no campus de Bauru.

O NTAPS é uma organização acadêmica que possui como proposta realizar mediações técnicas quanto às condições psicossociais dos discentes, docentes e servidores e por meio de demandas vindas dos mesmos, são arquitetados métodos de inclusão psicossocial como espaços de acolhimento dentro do campus.

Em conversa com Danilo Gabas, gestor técnico do NTAPS, ao ser questionado sobre quais as questões mais apontados quanto ao tema saúde mental, o entrevistado alega que as mais ocorrentes são relacionadas a transtornos neuróticos, como dificuldade de adaptação, reações a múltiplos agentes estressores, ansiedade e muitas vezes evoluindo para casos de depressão, desmotivação, bloqueio criativo até mesmo a ideação suicida.

Já ao ser perguntado sobre as maneiras de auxílio a tais situações, diz haver duas frontes responsáveis por esse contato, a Frente de Prevenção, onde o intuito é fornecer palestras, rodas de conversa, oficinas, cursos e eventos disponibilizados a alunos e funcionários da instituição, e a Frente de Acolhimento, que atende pessoas que já não encontram a ajuda necessária, onde as ações de prevenção “não surgem mais efeitos”, havendo um acolhimento mais específico aos indivíduos e, caso haja critério, são encaminhados a uma psicoterapia breve.

Quanto aos impactos causados pelo NTAPS na vida da população, por mais que haja dificuldade de apuração dos dados de maneira total e detalhada, por meio de um formulário disponibilizado pelo núcleo, foi notável a melhoria na qualidade de vida dos que frequentaram e/ou frequentam suas Frentes, visto que as respostas se mostraram otimistas e agradecidas.

Os agendamentos para participação das programações do acolhimento psicossocial e contato com o programa podem ser realizadas através do site da UNESP, por meio do e-mail ntaps.fc@unesp.br e também através do Instagram @ntapsunesp, pode-se acompanhar todas as ações praticadas.

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