Por Leticia Aguilar

A Unesp possui, desde novembro de 2024, um Grupo de Trabalho (GT) chamado Frente por Cotas Trans da Unesp, que tem se mobilizado para atrair o apoio dos estudantes para a conscientização sobre a vulnerabilidade dos corpos trans não só na universidade, como em toda a sociedade.

Dentre as recentes atividades do grupo, está a produção de uma cartilha necessária para que a Frente consolide sua estrutura para obter a validação da seção técnica da Unesp, que depende de análise da reitoria da universidade. 

A Frente foi criada durante o XXI Congresso dos estudantes da Unesp, a partir da necessidade de tornar a implementação das cotas trans não somente uma temática recorrente entre os coletivos estudantis, mas também como algo material que possibilitaria o acesso à Universidade para um grupo hostilizado no Brasil, país que mais mata transexuais no mundo.

Algumas das barreiras encontradas pelo grupo foram a dificuldade para reativação do Diretório Central dos Estudantes (DCE), a distribuição multicampi da Unesp e a falta de recursos financeiros. Esses fatores dificultam a ocupação de diferentes espaços institucionais e a realização de atividades que reúnam as pessoas.

“De maneira geral, as pessoas perderam um pouco a crença e a esperança, por assim dizer, em mobilizações coletivas, de que é possível transformar a realidade”, afirma a integrante da Frente por Cotas Trans da Unesp, Lucca Borçari. A linha de frente para o sucesso das cotas trans trabalha constantemente com o convencimento da importância do tema, reforçando a necessidade de construir o movimento em unidade.

Mesmo ainda sem a aprovação do GT pela reitoria, a Frente se consolida com o apoio dos coletivos universitários e estudantes independentes que se mobilizam pela causa. Porém, o grupo compreende que a articulação interna dos membros não é suficiente. “A gente está com boas expectativas, porque a Maysa, nossa atual reitora, já tinha dado sinais de que estaria disposta a discutir as cotas trans”, informa Lucca

A construção da cartilha também busca legitimar o Grupo de Trabalho através do documento, que será responsável por pautar a democratização do acesso de transexuais na Unesp. O GT se organiza para que, após a conclusão da escrita, a cartilha seja exposta a todos os alunos da Unesp e para o público em geral. 

Outra mobilização da Frente, que ocorreu no dia 21 de março deste ano, foi a “Transgressada”, primeira atividade presencial no campus de Bauru sobre a vivência e cotas trans. Esta é uma das ações que buscam promover dinâmicas que conversem com as pessoas, para que se sintam instigadas a respeito do assunto.

“Começa na gente, mas vai chegar em você em algum momento. Temos casos de mulheres cisgêneros que estão apanhando por serem confundidas por travestis”, diz Luna Gabrielle de França Souza, também integrante da Frente por Cotas Trans. As políticas afirmativas para travestis e transexuais são uma forma de legitimar esses corpos subalternizados, segundo Luna. “O balde de água fria vem na gente, mas vai respingar em todo mundo” , instiga.

2–3 minutos

Deixe um comentário

Deixe um comentário