Pacientes da unidade enfrentam filas demoradas, superlotação e negligência na busca por atendimento médico.
Por Sophia Faccina, 29 de abril de 2025
Usuários da Unidade de Pronto Atendimento do Núcleo Geisel (UPA/Geisel), em Bauru, voltam a apontar irregularidades na assistência de saúde oferecida no local. As reclamações principais são demora no atendimento, superlotação, número insuficiente de profissionais e negligência. As demandas não são atuais, porém a comunidade relata piora do cenário nos últimos meses.
Os pacientes demonstram insatisfação geral em relação aos serviços prestados pela UPA, e indicam a má administração pública e a falta de gerenciamento de crise como possíveis raízes dos problemas, especialmente em meio ao aumento do número de casos confirmados de dengue na cidade. De acordo com o Informativo Dengue, site que fornece informações sobre o avanço da doença no estado de São Paulo, já foram registrados mais de oito mil casos em Bauru neste ano, incluindo 6 mortes.
Em entrevista ao Jornal Contexto, Emily, jovem que diz utilizar o Pronto Atendimento da unidade Geisel com frequência, pontua deficiência em seu funcionamento: “Tem muita negligência, muita demora, tem que ficar horas e horas para ser atendido. Na maioria das vezes é assim. Tem pouco médico”. A garota conta que durante as madrugadas o atendimento tende a ser melhor, já que o número de pacientes é reduzido – porém, quando a demanda aumenta, o número de funcionários disponíveis não dá conta de garantir a agilidade do trabalho, e é nesses momentos em que o tempo de espera pode ultrapassar cinco horas de duração.
Da mesma maneira, outra paciente do Geisel, Élcia, que também recorre a esse serviço com regularidade, narra ao Jornal um episódio recente em que foi vítima da escassez de profissionais na unidade: “Tenho bronquite asmática, cheguei ruim, com falta de ar, e mesmo assim me fizeram esperar, porque não tinha médico”. Além disso, ela conta que, nesta situação, quase precisou contatar a polícia. “É uma falta de respeito com as pessoas”, afirma.
Gilmara, farmacêutica que trabalha há 3 anos em uma farmácia de frente para a UPA, relata já ter visto a polícia comparecer ao local em diversas ocasiões, especialmente nos dias de maior lotação. “Já vi muita coisa. Escândalos que as pessoas dão, começam a gritar, a quebrar as coisas, porque querem atendimento. Quando enche muito, geralmente chamam a polícia”. A mulher afirma ainda ter presenciado uma confusão devido à demora, em 8 de abril, na qual um rapaz – que buscou ajuda médica por estar com o braço fraturado – teria sido preso dentro da unidade de saúde após quebrar a porta de vidro de um dos consultórios, motivado pelo descontentamento com a longa espera.
Gilmara ainda destacou a falta de gerenciamento de crise por parte da administração pública como razão para as longas esperas e a superlotação, principalmente nos últimos meses. “Sabem que é época de dengue, por que não colocam mais médicos? Em época de mudança de tempo, muita criança chega com caso de bronquiolite, deveriam colocar mais uns 4 pediatras”, conclui.
