Alunos da Unesp Bauru só regularizam currículo de extensão em 2025, apesar de sistema implementado em 2023​

Por Denalyn Oliveira

Mesmo com a implementação do Sisproec (Sistema de Gestão da Pró-Reitoria de Extensão Universitária e Cultura) em 2023, alunos do terceiro ano de graduação da Unesp só começaram a regularizar o currículo de extensão este ano. A principal razão é a falta de informação sobre o funcionamento do PAEG (Plano de Atividades de Extensão na Graduação) e do próprio Sisproec. O sistema ainda não é amplamente divulgado, e muitos discentes ingressantes perderam os prazos de inscrição.​

A curricularização proposta pelo Conselho Nacional de Educação exige que ao menos 10% da carga horária de cursos de graduação seja composta por atividades de extensão. Na Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Bauru, esses projetos têm sido frequentados principalmente por alunos cursando o terceiro ano, que relatam dificuldades para cumprir as horas obrigatórias nos anos iniciais do curso.​

“Naquele momento, na verdade, a gente sabia que elas eram necessárias, mas como horas complementares. Mas tem outras coisas que eu posso fazer que também dão horas complementares”, afirma Ricardo Brambila, aluno coordenador do núcleo de pós-produção da RUV Podcasts, atividade que virou projeto de extensão este ano na Unesp.​ 

Ele destaca a ausência de uma definição clara sobre o que são projetos de extensão e a necessidade de uma definição mais objetiva. 

Por outro lado, os alunos ingressantes de 2025 têm consciência da obrigatoriedade dos projetos de extensão, mas desconhecem o Sisproec, essencial para a inscrição no PAEG.​

A desinformação se mantém em outros cursos de graduação. Em entrevista ao Jornal Contexto, a caloura de engenharia civil, Luiza Breda, conta que os alunos não foram informados sobre o Sisproec e sobre a diferença entre projetos de extensão e os institucionais que valem horas complementares. 

O PAEG deve ser elaborado por um professor, que atuará como coordenador do projeto e a quantidade de projetos depende da disponibilidade dos docentes. O número de projetos em atividade não é suficiente para atender à demanda da obrigatoriedade de participação dos alunos em atividades extensionistas, no curso de Relações Públicas, por exemplo, há apenas um projeto próprio, e em Jornalismo, somente três.

O professor da Unesp, Juliano Maurício de Carvalho, coordenador de dois projetos de extensão no ano de 2024, explica que uma das dificuldades na implementação do Sisproec está nas condições de trabalho dos professores.​ 

“Há uma reivindicação da comunidade docente da universidade, de que houvesse não só uma valorização maior na carreira do professor que se dispõe a participar disso, mas, eventualmente, alguma compensação em termos de organização da sua carga horária de trabalho”, afirma.​

Ele salienta que os professores precisam acomodar as demandas extras dentro de sua carga horária regular.​

Como funciona o Sisproec?

São chamados projetos de extensão iniciativas institucionais da universidade que contam com um PAEG e um professor coordenador,estes projetos estão no Sisproec e contam horas de extensão. Na Unesp Bauru, alguns dos exemplos desses projetos são: o jornal comunitário Vozes do Nicéia e o Dossiê Ciência da Ruv Podcasts. 

Os demais são iniciativas independentes como O Campus de Bauru, ou projetos institucionais que contabilizam horas complementares, como a ACI (Assessoria de Comunicação e Imprensa) da FAAC (Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design).

Para se inscrever o aluno deve acessar o portal do Sisproec https://app.unesp.br/sisproec/, buscar por vagas de extensão e se candidatar para a vaga desejada – esse processo é obrigatório mas não garante que o aluno esteja concorrendo a vaga. Os processos seletivos são realizados de maneira individual pelos projetos e podem exigir que o participante preencha formulários, realize cases e entrevistas. Por isso, é necessário ficar atento às redes sociais dos projetos desejados, ao e-mail Unesp e a grupos de Whatsapp da faculdade.

Após a inscrição dos alunos serem deferidas os projetos informam aos integrantes como funciona a contabilização de horas no projeto e o professor coordenador fica encarregado de vincular as horas com o currículo do discente.

Deixe um comentário