Obras exibidas na Biblioteca Municipal Rodrigues de Abreu, em Bauru, revelam a criatividade da arte em grafite

A grafiteira e artista Julia Sardinha Foto: arquivo pessoal

Por Gabriel Accorsi Passarin

O grafite sempre foi uma arte “marginalizada” e tipicamente de rua. Aos poucos, vem ganhando cada vez mais espaço nos grandes palcos da arte. Com o objetivo de promover a expressão artística urbana e valorizar a cultura periférica, a Secretaria de Cultura de Bauru, criou, em 2023, o projeto “Grafite nas galerias: por que não”? A segunda edição realizou-se entre os dias 11 de março e 24 de abril na Biblioteca Municipal Rodrigues de Abreu e contou com a participação dos grafiteiros Franciele Ribeiro, Julia Sardinha e Robinho BlackStar.

A exposição é o exemplo mais recente do que vem ocorrendo nos últimos anos, em que o grafite proporciona oportunidades de aprendizado e interação de forma gratuita e livre para a população.

Na opinião de Júlia Sardinha, uma das participantes, exposições como esta estabelecem uma relação educativa com a população. “Cada artista estava passando um pouco da sua técnica, linguagem e vivências. É importante levar isso para a população”, diz.

Segundo Júlia, a intenção da exposição foi “trazer acesso e conhecimento para a população, com os artistas criando uma ponte com o público de um jeito envolvente e educativo”. Ela explica ainda que os grafiteiros tem o propósito de enriquecer a vida das pessoas que vivem em áreas negligenciadas e trazer arte e alegria por meio do grafite.

A artista enfatizou que os murais e grafites possuem um papel relevante no embelezamento da cidade, ao dar cor às ruas e muros das florestas de concreto, além de darem voz a comunidades e minorias. 

“Foi feito de um jeito para quebrar as barreiras do elitismo porque eu pelo menos acredito que seja o tipo de arte mais acessível que a gente tenha, pelo fato dela estar vinculada a um espaço público, onde as pessoas podem vê-las sem ter que comprar um ticket. É uma expressão muito democrática”, explica.

Segundo Júlia, além de criar uma conexão com o público, este tipo de projeto cultural tem extrema importância e merece ser mais reconhecido devido a sua relação com os meios de expressão da periferia. Com isso, amplia-se a visão que a população tem dos grafiteiros como artistas e do grafite como estilo de manifestação. 

“Esse tipo de evento precisa ser reconhecido e celebrado, precisamos que ele seja cada vez mais disseminado, ele  movimenta o meio da arte nas cidades locais e coloca em pauta temas e ideias relevantes para toda a sociedade. Quanto mais projetos como este acontecendo, melhor para os artistas, para o meio da arte e para o público”, concluiu Júlia.

Obras de Franciele Ribeiro e Robinho BlackStar na exposição “Grafite nas galerias, por que não”? Foto: Gabriel Accorsi Passarin

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