Pesquisadora fala sobre a situação do mercado de trabalho de Design e sobre o impacto do uso da IA nos dias de hoje

A professora Carolina Vaitiekunas Pizarro, que pesquisa a Inteligência Artificial

Por Willian Polix

As IAs estão cada vez mais presentes no mercado de trabalho, principalmente nas áreas criativas e, com isso, no mercado surge o medo em muitos profissionais se alguns trabalhos serão substituídos pelas inteligências artificiais.

Para a professora Carolina Vaitiekunas Pizarro, do Deprtamento de Design da FAAC/UNESP, conforme a tecnologia avança fica cada vez mais difícil perceber as diferenças entre imagens feitas por IA e imagens feitas por humanos.

“Acredito que as pessoas hoje ainda estão conseguindo diferenciar as imagens. Em alguns pontos é possível diferenciar. Por exemplo, algumas imagens. Se a pessoa tem um olhar mais atento, ela vai perceber que as imagens feitas por IA tem aquela saturação, bem colorida, aquele jeito meio de sonho, dedos a mais ou a menos, que o pessoal percebe muito”, explica.

A professora, que tem um projeto de pesquisa voltado para IAs, comenta também que as pessoas mais velhas ou com o olhar menos treinado já têm dificuldade em diferenciar as imagens feitas por IA e as feitas por humanos.

Ela falou também sobre a situação do mercado de trabalho do Design com a presença dessas Ias, que hoje podem ser usadas por qualquer pessoa para criar imagens. “Acredito que as pessoas estão usando, quem não quer pagar ou não tem condição de pagar um designer continua no canva, no photoshop ou hoje utiliza as IAs para fazer suas coisas, porque isso já estava acontecendo antes da IA”.

A professora Carolina explica que a história do Design pode ajudar a compreender a situação, uma vez que esta profissão já teve seu trabalho ameaçado por avanços tecnológicos anteriores.

“Quando surgiram os programas de computador, os professores e os designers mais velhos que eu, falavam que os dias do Design estavam contados. Contam que quando surgiu o computador e os programas tipo Photoshop, diziam que qualquer pessoa iria conseguir fazer uma identidade, um cartão de visita”, explica.

Para ela, aquelas movas tecnologias não substituíram o trabalho do designer. “Porque depois daquele hype das tecnologias, se entendeu que quando você precisa de um projeto que é importante pra você, você vai procurar um profissional qualificado”.

A professora explica que as IAs não serão capazes de substituir o designer, pois existem três coisas que diferenciam os seres humanos e a inteligência artificial: a subjetividade, o pensamento crítico e a capacidade criadora.

“Vamos entender o seguinte, que por mais que a IA avance, são três coisas que eu acredito que a IA não vai substituir. Vamos sempre lembrar que a IA pertence ao mundo da matemática, ela atua com padrões e estatística. Para a criatividade humana, existem três fatores que são essenciais que a gente tem e que a máquina não consegue reproduzir, que é subjetividade e o pensamento crítico. Para criar algo, a gente tem que fazer uma análise do contexto, a gente tem que entender o que está acontecendo e criar algo que responda àquele contexto e as suas nuances”, conclui.

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