Entenda os desafios que jovens jogadores enfrentam para passar da categoria de base e chegar ao profissional

Por Isabela Cristina da Silva

O treinador Rafael Monzem, do Red Bull Bragantino Foto: Fernando Roberto/Red Bull Bragantino

Ser um jogador de futebol profissional é a ambição de milhares de jovens espalhados pelo Brasil. Porém, são poucos que conseguem driblar os desafios para alcançar esse sonho. Além da dificuldade de ingressar em um clube com estrutura e investimento na base, o jogador precisa enfrentar o período de transição para o time profissional, passando por falta de espaço no elenco, pressão da torcida, entre outros obstáculos.

Segundo Rafael Monzem, treinador da categoria sub-15 do Red Bull Bragantino, o passo da base para o profissional é o mais difícil de se dar dentre todas as categorias. Monzem afirma que os maiores desafios são manter a consistência e o alto nível que o profissional requer, além de conseguir um espaço no elenco.

“No profissional o resultado é muito importante, então o treinador tem que ser contundente na escolha dele, é uma fase difícil de testar jogador. O treinador escolhe conforme o nível de confiança no atleta, então o jovem conquistar essa confiança depende do quão consistente ele é em todo o processo”, diz Monzem.

Jorge Marques, jogador da categoria sub-15 do Red Bull Bragantino, também fala sobre os desafios no processo de formação para o profissional. O jovem reafirma que o maior obstáculo é a dedicação e consistência.

“O maior desafio da base é ser constante, na nossa idade eu acho que a gente não ganhou aquela maturidade ainda, está entre a fase de ser criança, não ter tanta responsabilidade e a maturidade que tem que ter um jogador profissional, então acho que a gente está no meio”.

E quando questionado sobre o fator mais importante para se tornar jogador, ele afirmou que “além do talento e da técnica, é preciso ter a dedicação e a mente, sem isso, eu acho que não chega. Se você não se dedicar, hoje você é atropelado”.

O sonho de se tornar profissional se torna ainda mais distante para aqueles que não tem uma condição social e financeira favorável. Monzem afirma que se perdem muitos jogadores com potencial que, por fatores sociais, não tem como se sustentar e se manter no alto nível.

“O futebol no Brasil é doloroso, no sentido de exigir muita dedicação, então as vezes em um contexto não favorável, em que o clube não dá tanta estrutura, aquilo fica muito pesado e muita gente acaba largando no meio do caminho”.

Categorias de base

Para alcançar o profissional é preciso passar pela formação na categoria de base, muitos jogadores iniciam sua jornada em escolinhas ou clubes menores de sua cidade e acabam sendo selecionados por meio de peneiras e olheiros para clubes maiores e com maior estrutura.

A categoria de base trabalha com jovens em formação em todos os quesitos, não só a formação esportiva, mas também a formação escolar e formação de personalidade. Rafael Monzem afirma que o Bragantino, assim como outros clubes com categorias de base, se preocupa com a formação acadêmica e social dos jogadores, proporcionando escolas particulares, acompanhamento psicológico, contato direto com a família daqueles que estão alojados, ou seja, aqueles jogadores que saem de casa para morar no alojamento que o clube oferece, entre outros cuidados que fazem parte da formação geral dos jogadores.

“É a forma mais justa e mais prática de ter um caminho esportivo e um caminho acadêmico caminhando em paralelo e não um contra o outro”.

Segundo o treinador é essencial que a comissão técnica saiba usar os recursos que o clube oferece, para mostrar para os jovens que a formação pessoal é tão importante quanto o lado esportivo.

Profissionalização

O processo até chegar ao profissional é separado em categorias, Monzem considera o Sub-14 uma categoria marcante, como um período de transição e adaptação, em que o jogador atinge a idade mínima para se alojar no clube, e passa pela ambientação de morar longe de sua família, ter uma nova escola e uma nova rotina.

Já no sub-15 as preocupações com adaptação diminuem e o lado competitivo fica mais forte, trazendo mais profissionalismo. Os treinos se tornam mais pesados, o nível dos jogos aumenta e o calendário da temporada se torna mais longo.

Além desses aspectos, a chegada da idade para categorias de base da seleção brasileira e a para assinar o primeiro contrato profissional, torna o Sub-15 um degrau importante para a profissionalização dos jogadores. Jorge afirma que é o que ele espera ser o seu próximo passo, “assinar o contrato profissional é um grande passo, mas não quer dizer que você chegou lá ainda”.

O período final da transição base/profissional é o sub-20, sendo o momento em que jogador passa a ter mais contato com o time profissional e mais contato de outros times para negociações. Monzem afirma que a concorrência é grande e o funil é estreito, e por isso são poucos os que conseguem, e esse é o grande desafio a ser driblado pelos jovens que querem ser jogadores profissionais.

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