Entre as ações realizadas na campanha estão a caminhada anual, a promoção de palestras e exposições sobre o tema e a arrecadação de verba para criação de nova sala sensorial
Por Raissa Lino

Caminhada do Autismo promovida pelo Lions Clube Bauru Autismo Foto: Arquivo Sorri/Redes sociais
Durante o mês de abril, ações em Bauru mobilizaram a comunidade em torno do Abril Azul, movimento que visa conscientizar a população e difundir informações sobre o TEA (Transtorno do Espectro Autista). Diversas atividades relacionadas ao tema foram promovidas por organizações, grupos e instituições da cidade. A mobilização trouxe à tona discussões sobre acessibilidade e a importância do diagnóstico precoce, envolvendo diversos públicos na luta pela inclusão e pelo respeito à neurodiversidade.
Na iniciativa desse ano, palestras, eventos e encontros focados na discussão e divulgação do tópico foram produzidos, com foco na participação da população e de profissionais especializados para ministrar essas atividades. As ações ocorreram em espaços públicos, escolas e instituições de saúde, com o intuito de ampliar o alcance da informação e fortalecer a rede de apoio às pessoas autistas e suas famílias.
Entre as atividades o Lions Clube Bauru Autismo se destacou mais uma vez com a execução da 5ª edição da Caminhada de Conscientização sobre o Autismo, em parceria com a OAB Bauru (Ordem dos Advogados do Brasil de Bauru).
No dia 6 de abril, centenas de pessoas se reuniram na Avenida Getúlio Vargas para participar do evento, que contou com a distribuição de panfletos informativos sobre os direitos das pessoas com autismo. Em 2025, o foco principal da mobilização foi arrecadar fundos para a construção de uma sala sensorial voltada ao atendimento de crianças da rede pública de Bauru.
A programação também teve destaque no espaço acadêmico. Na Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho) de Bauru, ocorreu a exposição “Ressonância”, desenvolvida pelo CoAuti (Coletivo Autista da FAAC) e disponibilizada na biblioteca do campus. Foram expostas produções de 10 artistas neurodivergentes, junto a um breve texto que contextualiza as obras. “A ideia da exposição é divulgar não só a arte de artistas neurodivergentes, mas também o ponto de vista deles. Do lado das artes tem um texto que o próprio artista escreveu explicando o processo, o que ele estava pensando na hora”, explica Beatriz Haddad Ordones, fundadora e membro do CoAuti.

Exposição “Ressonância” disponibilizada na biblioteca da Unesp, pelo CoAuti Foto: Beatriz Haddad Ordones
Ainda no âmbito escolar, diversas ações foram promovidas em diferentes níveis de ensino dentro da cidade. De acordo com a Prefeitura de Bauru, escolas municipais promoveram diferentes atividades interativas com os alunos, incluindo caminhadas, discussões em sala de aula, confecção de painéis informativos, cartazes e artesanatos, a fim de “informar a sociedade sobre o autismo, reduzir preconceitos e incentivar a inclusão”.
Já no ensino superior, outras abordagens foram adotadas em relação á divulgação da campanha. Novamente no campus da Unesp foi ministrada a palestra “Neurodiversidade no Ensino Superior” com o neuropsicólogo Carlos Alexandre Antunes Cardoso, visando reforçar a presença de pessoas com TEA em espaços acadêmicos.
“Essa questão das campanhas, do movimento de conscientização, serve justamente para alertar as famílias, os profissionais, pessoas envolvidas na área de cuidado e educação, como professores, para que eles fiquem mais atentos aos sinais e saibam o que fazer”, explica o neuropsicólogo.
Ainda segundo ele, a campanha e a divulgação, em especial através das mídias sociais, têm tido um impacto significativo no conhecimento geral da população sobre o transtorno.
“O que a gente percebe nos atendimentos é que as famílias chegam muito mais informadas, muito mais atentas em relação a comportamentos. As pessoas estão mais preocupadas e engajadas na temática do autismo”.
Ele defende que, apesar da existência de uma grande quantidade de informações contraditórias presentes nas redes, a crescente disseminação de conhecimento e de iniciativas sobre o tema contribui para o reconhecimento precoce de sinais do TEA, favorecendo diagnósticos mais ágeis e o encaminhamento adequado para o suporte necessário.
