Após confirmação de nova contusão muscular, jogador do Santos retorna ao departamento médico. Profissional explica a importância da prevenção de lesões causadas por atividades físicas de alta performance
Por Lara Pellegrini

Com a lesão de número 43 da carreira de Neymar e sua dificuldade em manter uma sequência de jogos, Gabriel Baldini, fisioterapeuta esportivo formado pela Unifesp (Universidade Federal do Estado De São Paulo), explica a função da fisioterapia no tratamento e prevenção de lesões causadas pelo esporte de alta performance.

Neymar ficou afastado dos gramados por cerca de 370 dias devido a uma lesão ligamentar no joelho, popularmente conhecida como LCA (Lesão do ligamento cruzado anterior) que segundo o fisioterapeuta Gabriel, é uma das lesões mais comuns entre os esportistas, juntamente a lesões musculares e entorses de tornozelo.

Desde então, o jogador tem tido dificuldade em manter uma sequência de jogos devido a novas lesões. “Existem diversos critérios e ferramentas que ajudam a determinar se o atleta está apto a retornar. Entre eles: avaliações específicas do esporte, testes de força para verificar simetria entre membros e músculos, avaliação do controle motor, análise do gesto esportivo e de performance”.

Em todos os esportes existe o risco de lesão, entretanto, em práticas que exigem mudanças de direção abruptas e maior impacto, a probabilidade é ainda maior. Porém, apesar de todo atleta estar sujeito a esse risco, existem algumas medidas que podem ser tomadas como forma de prevenção.

“Primeiramente, é fundamental ter disciplina: treinos específicos, fortalecimento muscular, programas preventivos, alimentação adequada, sono de qualidade, boa recuperação e atenção à saúde mental”. Além disso, “atualmente, diversos estudos mostram que o trabalho multidisciplinar é o mais indicado para o cuidado integral do atleta”, completa Gabriel.

Atletas de alto rendimento são condicionados a cargas exaustivas de treinos. Por isso, o fisoterapeuta explica que “o trabalho preventivo contribui diretamente na recuperação entre treinos e competições, ajudando o atleta a manter seu nível de desempenho com o menor risco de lesão possível — o que é essencial para bons resultados em competições”.

Gabriel em uma sessão de fisioterapia esportiva – Foto: Arquivo Pessoal

Como complemento dessa prevenção “o aquecimento tem como objetivo ativar a musculatura, preparar o corpo para a atividade, aumentar o fluxo sanguíneo e mobilizar articulações”, sendo um fator importante na rotina de cuidados de um esportista.

Apesar de todos os cuidados preventivos, ainda sim podem ocorrer lesões, entrando em ação a fisioterapia de reabilitação. Cada tipo de trauma resulta em diferentes tempos de recuperação.

Uma entorse de tornozelo pode durar de 4 a 12 semanas, enquanto uma lesão de LCA se estende por no mínimo 9 meses, variando o tempo de acordo com questões individuais de cada competidor.

Após grandes períodos em tratamento e sem nenhum tipo de contato com a prática, são necessários diversos cuidados para o retorno seguro do atleta. “Aquele que não segue as orientações do fisioterapeuta se expõe a um grande risco de nova lesão. O tempo fisiológico de cicatrização é o mesmo para todos, e se não for respeitado, a lesão pode não estar completamente curada. Isso aumenta as chances de recidiva de uma lesão ainda mais grave ou até mesmo de uma condição crônica”, explica Gabriel.

A partir da etapa final da recuperação, a fisioterapia assume um papel importante de reinserção do atleta ao seu esporte de forma segura e respeitando seus limites. “Hoje, temos muitos recursos que auxiliam o trabalho do fisioterapeuta esportivo. Tudo começa com uma avaliação criteriosa e individualizada, para adaptar o processo de reabilitação às necessidades específicas do atleta”.

Ele explica ainda que “o trabalho em conjunto com a comissão técnica é fundamental para programar a readaptação de forma integrada ao treinamento, evitando sobrecargas e interferências no desempenho”. Gabriel salienta que “cada lesão e cada modalidade têm protocolos próprios que nos ajudam a identificar se o retorno pode ser feito com segurança e com o menor risco de nova lesão”.

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