Por Gustavo Mota
O Liverpool, clube inglês da cidade de mesmo nome, iniciou a temporada europeia 24/25 voando. Até agora, são 14 vitórias em 16 jogos pela Liga Inglesa, Liga dos Campeões e Copa da Liga Inglesa, uma das copas nacionais da Inglaterra. Líder em ambas as ligas e classificado para as quartas de final da copa. É, no mínimo, surpreendente visto os acontecimentos da temporada passada.

Em janeiro desse mesmo ano, o antigo treinador do Liverpool, Jürgen Klopp anunciava que sairia no meio do ano, em junho, quando a temporada de futebol na Europa acaba. Além dele, toda a sua comissão técnica sairia junto com o treinador alemão.
Klopp comandava o clube inglês desde 2015 e há pouco havia renovado seu contrato para 2026, e sua saída preocupava os torcedores do time, principalmente pelo fato de estar há muito tempo no clube. Para muitos, sua saída incentivaria os jogadores a conquistarem os últimos títulos de Jürgen pelos Reds.
Esse é o caso de Marco Antonio Rigotti, criador de conteúdo sobre o time e hoje, um dos administradores das páginas oficiais do Liverpool em português. Segundo ele, “em um primeiro momento eu achava que a saída precoce dele não teria impacto negativo na temporada. Muito pelo contrário”.

Ele explica ainda que “o psicológico jogou contra, em um certo momento. O Liverpool, no começo da temporada, estava virando muitos jogos. Mas, não conseguia fazer isso em outro momento. A temporada demandou mais psicologicamente do que fisicamente”.
Rigotti ressalta que, apesar da saída do treinador, “em questão de planejamento, era o melhor que poderia acontecer com a gente”. Ele completa dizendo que “o Liverpool teve basicamente 6 meses para planejar o seu próximo passo”.

Para Walace Borges, coordenador de transmissões e comentarista da TNT Sports, Jürgen Klopp “deixou um legado pro clube de como fazer futebol”.
Em 6 meses, o Liverpool buscou por treinadores no mercado europeu. Saíam rumores do espanhol Xabi Alonso, ex-jogador do clube, que fazia uma excelente temporada com o Bayer Leverkusen, da Alemanha, do português Rúben Amorim, treinador do Sporting, de Portugal, e do neerlandês Arne Slot, treinador do Feyenoord, dos Países Baixos.
Desses, a escolha foi o neerlandês. Slot, 46, chegava para ser o treinador do seu terceiro clube profissional. Mesmo que jovem para o futebol, a decisão se mostrou acertada. O clube, em quatro meses de comando técnico novo, possui apenas uma derrota e é líder em todas as competições de pontos corridos com os jogadores assumidamente empolgados com o novo treinador.

Para Walace, é surpreendente o fato do novo treinador chegar no time, depois de nove anos sob o mesmo comando, e performar com o mesmo nível de antes.
Ao mesmo tempo, ele completa dizendo que “mediante os processos que o Klopp deixou, eu não me surpreendo tanto assim. Porque deixou muito jogador bom e deixou muito processo bem organizado”.
Porém, Rigotti comenta que “se ele chegasse (Slot), por exemplo, e perdesse três dos primeiros quatro jogos, será que o elenco iria abraçá-lo do mesmo jeito?”.
Nem tudo na temporada são pontos positivos. Ao ter o antigo treinador saindo, a Fenway Sports Group, dona do Liverpool, precisou reconstruir toda a hierarquia administrativa do time, já que várias dessas funções eram ocupadas pelo próprio Klopp.
Michael Edwards, retornara para o time como chefe-executivo de futebol, enquanto Richard Hughes assumia como diretor esportivo. Tudo isso para a procura de um novo treinador.

Ao fazer isso, a cúpula mandatária do time esqueceu de um gigantesco detalhe, três jogadores importantíssimos estariam com seus contratos se encerrando: Trent Alexander-Arnold, Mohamed Salah e Virgil Van Dijk
Além de estarem há muito tempo no time, os três são concorrentes a melhor jogador do mundo em suas respectivas posições, lateral-direito, zagueiro e ponta direito. Salah, por exemplo, é responsável direto em 18 gols, em 16 jogos do Liverpool na atual temporada.
Os três também foram cruciais para as campanhas vitoriosas da Liga dos Campeões em 2019 e da Liga Inglesa em 2020. Novamente, nessa temporada, eles são os destaques do time.
Dessa maneira, qual é o problema? No futebol, quando um jogador tem seis meses de contrato restantes, qualquer clube do mundo poderia negociar direto com ele, ao invés de, antes, negociar com o time que ele joga.
O Liverpool paga anualmente, em valores aproximados, 128,8 milhões de libras anuais em salário para seus jogadores. Desses, Mohamed, Virgil e Trent ganham perto de 30% do total pago pelo clube. Uma saída tornaria a folha muito mais barata, mas a saída dos três causaria um caos em campo.
Marco Antônio diz que isso é um problema herdado, visto que deveria ter sido resolvido há 1 temporada atrás. Mas entende o fato que eles quiseram segurar a renovação para entender como seria o time pós-Klopp.
“Cada caso tem sua particularidade. O Virgil, eu acho, é o mais provável de ficar. O Salah ou fica no Liverpool ou vai para a Arábia, é uma questão de legado ou de dinheiro. O Arnold, eu acho, é o que ainda está mais em dúvida sobre como será a temporada para renovar”, completa Rigotti.
O comentarista da TNT foi mais seguro, e disse que não tem como saber sobre como estão as conversas para renovação. “Sempre coloco em perspectiva se é realmente um problema ou não”, completou Walace. “Não seria nenhum absurdo pensar que os jogadores estariam buscando por novos ares, mas, também não é algo que eu diria que vai perder os jogadores”.
Mesmo que o Liverpool tenha seus próprios problemas contratuais para lidar com o resto desse e do ano que vem, a temporada vai avançando, assim como a Liga dos Campeões.
Dos quatro jogos feitos pelos Reds, todos foram vitórias. Dois em casa, em Anfield Road e dois fora de casa. São 10 gols feitos e apenas um sofrido, fazendo o Liverpool o líder da nova Champions League.
Dos quatro restantes, o principal adversário é o Real Madrid em Anfield. Esse, inclusive, é o próximo jogo do time na Champions.
“O Klopp levou três anos para montar um time competitivo para a Liga. É muito mais fácil para um time que está encaixado, mas que está em processo de adaptação, conseguir se fechar envolta de alguns jogos específicos”, diz Marco Rigotti.
Ele encerra dizendo que “é muito mais acessível vencer a Liga dos Campeões do que a Liga Inglesa, principalmente se você decide em casa, se ficar nas posições mais acima na tabela da Champions”.
Borges reconhece que tinha um pé atrás com o Liverpool para conhecer o Arne Slot e para saber como ia ser o resto da temporada. No entanto, Walace admite que “Anfield é um dos poucos estádios europeus que podem virar um caldeirão quando precisa e que o Liverpool é um dos candidatos para vencer esse título”.
Redes Sociais de Walace Borges:
Redes Sociais de Marco Antonio Rigotti:
