Em dois confrontos equilibrados, Atlético Mineiro despacha o Vasco e disputará o título contra o Flamengo.
Por Gabriel Batista
Quando os caminhos do galo e do gigante da colina se cruzaram, com a consolidação dos dois clubes nas semifinais, era dado um certo favoritismo ao Atlético, que provavelmente teria as rédeas do confronto frente a um Vasco mais reativo. Porém, Lucas “Vasconha” Barbosa, torcedor fanático do Vasco, confiava que o clube poderia surpreender na competição. “Eu acho que sempre quando o Vasco chega, sempre vem com forte candidatura a título, sempre chega bem para conseguir o título, muito mais pela sua força mental do que pela sua qualidade de futebol”, disse.
Apesar da expectativa de que o Atlético comandasse o confronto, o primeiro jogo não começou assim. Até os trinta minutos da etapa inicial, era o Vasco quem tinha as melhores chances, em escapadas rápidas de contra ataque. Essa postura surpreendeu não somente o time mineiro, mas seus torcedores também. “Eu não esperava que o Vasco fosse tentar agredir tanto o galo, achei que jogaria mais recuado”, conta Leonardo Monteiro, torcedor do Atlético.
E a postura do gigante da colina rendeu frutos. Em mais um contra ataque rápido puxado por Emerson Rodriguez, Coutinho aproveitou o passe para driblar o zagueiro e finalizar cruzado, colocando o Vasco à frente do placar aos treze minutos. Foi o primeiro gol de Coutinho na Copa do Brasil. O meia foi a principal contratação do Vasco na temporada e chegou com o objetivo de tomar conta do setor de criação do time.

Coutinho dribla o zagueiro e finaliza cruzado para abrir o placar. Imagem: Vasco da Gama
O gol, além da boa atuação, trouxe a esperança de que ele enfim consiga cumprir este papel. “Eu sou fã do Coutinho, vai ser muito difícil falar do Coutinho sem falar que ele é um craque pra mim, e a atuação dele no primeiro jogo foi excepcional, eu acho que ele fez tudo que ele precisava fazer dentro de campo em relação ao ataque, e até em alguns momentos foi muito bem na defesa”, se entusiasmou Lucas.
Depois do gol, naturalmente o Vasco da Gama se conteve a marcar o Atlético e parou de pressionar a saída de bola, o que fez com que o rival melhorasse no jogo e conseguisse criar algumas chances na busca pelo empate. Para “Vasconha”, entretanto, o time não recuou: “não creio que o Vasco tenha recuado, eu acho que o Atlético Mineiro conseguiu entender como o Vasco estava jogando naquele momento, conseguiu usar das fraquezas que o Vasco teve no setor defensivo, foi muito mais uma mudança de pensamento dentro de jogo do Atlético Mineiro”, explicou.
De fato o galo cresceu no jogo e começou a empilhar chances perdidas de empate. Somente Paulinho teve duas oportunidades, uma em que chutou pra fora, na outra parou em grande defesa de Leo Jardim. Mas após tanto pressionar, o time mineiro conseguiu chegar ao empate aos trinta e sete do primeiro tempo, em belíssima finalização no ângulo de Guilherme Arana, que após o gol pediu o apoio da torcida para a virada. E ela veio logo seis minutos depois com Paulinho, que aproveitou o cruzamento do inspirado Arana para cabecear firme no chão e virar o placar para o time mineiro, que deixou a Arena MRV em êxtase ao fim do primeiro tempo.

Paulinho comemora o gol da virada do galo. Imagem: Atlético Mineiro.
Na contramão da primeira metade agitada do jogo, o segundo tempo foi mais morno, com controle de bola do Atlético mas com poucas chances claras de gol para ambos os times. Ao que pareceu, os dois estavam satisfeitos com o resultado e não realizaram esforços maiores para a mudança no placar. Com o fim do jogo houve uma certa preocupação dos torcedores mineiros que acreditavam que o placar poderia ter sido mais elástico. “Foi um placar magro! Poderia ter feito mais, mas o condicionamento físico no segundo tempo não ajudou”, opinou Leonardo Monteiro.
Já do lado do gigante da colina houve esperança de que o placar poderia ser revertido. “Eu acho que o Vasco é um time muito aguerrido dentro de campo, principalmente dentro de sua própria casa, eu tenho essa confiança que vai ser um resultado totalmente reversível”, comenta Lucas.
Foi com esse espírito que o Vasco iniciou o jogo de volta em São Januário. Com o apoio da torcida, o cruzmaltino foi pra cima do Atlético desde o início, comandando as ações ofensivas e buscando seu primeiro gol, que significaria a igualdade no confronto. O time carioca perdeu algumas oportunidades, mas, aos vinte e nove minutos da primeira etapa, Piton tentou cruzar na área e foi interceptado com a mão pelo volante atleticano Otávio. Depois de uma longa análise do VAR (sete minutos) foi assinalado pênalti para o Vasco, que Vegetti não desperdiçou, batendo firme no canto esquerdo e igualando a soma dos placares.

Vegetti comemora gol de pênalti ao lado de Coutinho. Imagem: Vasco da Gama.
Depois do gol, o Vasco, ainda mais inflamado pelo ânimo da torcida, seguiu no ataque em busca do gol que o colocaria à frente no confronto. Desta vez era o Atlético quem tinha que se segurar até o intervalo para poder conversar e arrumar o que não estava funcionando em campo. E conseguiu: o primeiro tempo terminou, apesar da pressão final do Vasco, com um resultado que levaria a decisão para os pênaltis.
Assim como no primeiro jogo, o segundo tempo foi de um ritmo consideravelmente menor que o primeiro, o galo enfim conseguiu ter mais posse de bola e controlava o jogo, trocando passes pela defesa e pelo meio campo tentando encontrar alguma oportunidade de empatar a partida.
O Vasco, por sua vez, teve uma diminuída grande no ritmo e na força de ataque, o que poderia ser justificável por não ter poupado o time titular no último jogo frente ao São Paulo em Campinas, diferente do que vez o time mineiro no Ceará frente ao Fortaleza. A decisão gerou algumas críticas da torcida, mas Lucas Barbosa discorda que tenha sido motivo de cansaço dos jogadores. “Não acho que o Paiva errou em colocar o time titular contra o São Paulo, o Vasco ainda precisa de pontos no campeonato brasileiro, não acho que faltou perna, acho que faltou aproveitar melhor as oportunidades, principalmente no primeiro tempo”, opina.

Hulk e companheiros comemoram o gol de empate que da a classificação ao Atlético. Imagem: Atlético Mineiro.
Apesar do controle do Atlético no segundo tempo, o alvinegro não conseguia criar chances claras de gol, esbarrando em passes errados no último terço do ataque. Até que o brilhantismo individual apareceu aos trinta e seis minutos, quando tudo parecia se encaminhar para a decisão por penalidades. Em finalização brilhante de Hulk, de fora da área, no ângulo direito de Leo Jardim, o galo buscava a igualdade no jogo e a superioridade no confronto. O camisa sete do galo, que estava apagado no jogo, comemorou junto com a torcida visitante no Rio de Janeiro. “Ele é muito visado em campo, mas precisa de poucos segundos de espaço pra decidir”, comemorou Leonardo.
O Vasco, que se mostrou muito abalado depois do gol, até tentou se jogar ao ataque de maneira desesperada para tentar os pênaltis, mas já demonstrava falta de ritmo, ideias e também psicológico. Ao fim do jogo a torcida cruzmaltina se dividiu entre vaias e gritos de apoio ao time. Para Lucas, apesar da tristeza da eliminação, o resultado na competição de forma geral foi positivo e não era esperado. “Foi um sonho que a gente não esperava, mas uma realidade muito boa pra gente, o Vasco chegar em uma semifinal de Copa do Brasil é muito valioso, principalmente pensando em 2025”.
Com o resultado, o galo enfrentará o Flamengo, que eliminou o Corinthians, na grande final da competição. Para Leonardo o confronto será parelho: “não tem favorito, o galo está bem focado e equilibrado, vai ser um bom jogo”. Já o cruzmaltino volta toda sua atenção ao Campeonato Brasileiro, competição que ainda resta ao clube disputar, ainda com uma indefinição do seguimento do trabalho do técnico Paiva para 2025. Para Lucas, o treinador pode ser uma das opções, mas pede que a diretoria esteja atenta ao mercado. “Difícil pensar no Paiva para 2025, penso que seria interessante dar um tempo pra ele de pré-temporada, de análise do elenco e tudo mais, porque o que ele fez com o time do Vasco nesse último semestre foi muito bom. Então penso que é um bom nome, mas que também o Vasco tem a oportunidade de buscar no mercado, tem bons nomes a serem vistos, acho que vale pensar”.
As finais da Copa do Brasil estão previstas para o dia 3/11 (jogo de ida) que acontece com mando do Flamengo no Maracanã, e no dia 10/11 com mando do Atlético Mineiro na Arena MRV.
