Estrela do maior clube do mundo e principal candidato à bola de ouro neste ano, o atacante enfrenta complicações para realizar bons jogos pela seleção brasileira.

Por Artur Thiezerini

Não podemos negar que Vinícius Júnior é um dos melhores jogadores do mundo desde 2022, ano em que conquistou seu primeiro título da UEFA Champions League pelo Real Madrid.

De lá para cá foram 47 gols e 32 assistências em 94 jogos disputados. Desde julho de 2023, Vini vem sendo protagonista incontestável do time merengue, onde foi decisivo principalmente nos jogos de mata-mata na última Liga dos Campeões. Além disso, no dia 1 de Julho se tornou o único jogador brasileiro a marcar em mais de uma final.

Com isso, vêm liderando o ranking de expectativas para vencer a premiação da bola de ouro, a qual o intitularia como melhor jogador do mundo. Porém, nem tudo são flores. Desde a sua primeira convocação para a equipe principal do Brasil em 28 de fevereiro de 2019, participou de 35 jogos, contribuindo com 5 gols e 5 assistências até o momento. Para efeito de comparação, o atleta Neymar Jr do Al Hilal conseguiu balançar a rede 17 vezes em 27 oportunidades, entre 2010 e 2012.

Pela importância e impacto no futebol moderno, Vinícius deve naturalmente assumir o protagonismo da amarelinha no lugar de Neymar, porém causa desconforto em certos torcedores pelo fato de seu futebol na seleção não corresponder ao seu rendimento nas ligas europeias.


(foto: Reprodução / Instagram @vinijr)

Muitos tentam desvendar o porquê da diferença nas atuações pela seleção e por clube. Em entrevista, o jornalista Cid Jr explicou sua visão sobre o assunto. “Primeiro, eu vejo que a seleção é um famoso catadão, né? E nem sempre os melhores estão lá. A seleção deveria ser meritocracia, mas para mim, já há muito tempo, é um jogo de interesses. Não é à toa que a gente não ganha uma Copa do Mundo há tantos anos. Agora, o Vinícius precisa de tempo. Isso não é só o Vinícius. Eu imagino que toda a seleção precisa de tempo de treinamento e as datas não permitem isso”.

Ele explica ainda que Vini Jr. tem um desempenho muito melhor no Real Madrid porque ali ele treina todos os dias e está acostumado com seus companheiros. “Na seleção não são sempre os mesmos companheiros nas convocações, é duro dizer isso mas no Real Madrid o nível de atletas que tem hoje é melhor que o nível de atletas da seleção brasileira, então acho que um dos fatores é isso aí”.

Durante as convocações, o atleta ainda partilha o gramado com seu companheiro de time Rodrygo Goes, que mesmo possuindo praticamente a mesma quantidade de partidas e, ainda assim, menos participações em gols, não recebe tantas críticas, algumas vezes sendo até mesmo julgado como melhor entre ele e Vini.

Para o narrador da Band, deve-se considerar que “o protagonista já é ele (Vinícius), só que ele não vive um bom momento na seleção. Até acho que ele vai se tornar o melhor do mundo, se não agora, muito em breve. Ele vem fazendo chover lá no Real Madrid e tenho certeza que ele pode ser protagonista. Claro que vai ter a volta do Neymar, muito em breve. O Neymar com todos os problemas físicos, os problemas de interesse em jogar futebol, ele continua sendo ainda o melhor jogador brasileiro. Ele só precisa querer jogar futebol, então acho que esse protagonismo pode se dividir entre Neymar e Vinícius Júnior, mas muito em breve acho que o Vinícius Júnior pode ser o grande protagonista. Não vejo outro nome hoje que possa ser esse cara da seleção”.

Com relação ao meia Rodrygo, Cid Jr. explica que, mesmo sendo um bom jogador, “ainda não está no nível do Vinícius Júnior. Mesma coisa os outros atletas ali de frente da seleção brasileira”.


(foto: Reprodução / Instagram @vinijr)

Outro problema perceptível é a falta de adaptação do jogador às maneiras como os treinadores da seleção fazem o time jogar, pois além de serem ineficientes, não utilizam os melhores pontos do elenco.

Sobre isso, o jornalista Rodrigo Bueno possui nomes de técnicos que poderiam melhorar tanto o rendimento de Vini Jr quanto o da seleção brasileira por completo. “Carlo Ancelotti seria o ideal para Vinícius Júnior, mas defendo há mais de uma década que Guardiola seria o nome perfeito para comandar o Brasil, pois resgataria o futebol romântico de nosso país e priorizaria o ataque, favoreceria os nossos talentos, como Vini Jr.”

Desde que Vini estreou, o Brasil já teve no comando quatro técnicos, entre eles Tite, Rámon Menezes (interino), Fernando Diniz e atualmente Dorival Júnior. Isso, com certeza, complica ainda mais o processo de adaptação dos atletas. Se formos comparar com aqueles que estiveram no comando das últimas duas campeãs do mundo, podemos reparar que Didier Deschamps, campeão na Copa de 2018 com a França, está no comando técnico desde 2012. Além disso, o atual técnico da Argentina, Lionel Scaloni comanda a equipe desde 2018, após a demissão de Jorge Sampaoli. Isso com certeza afeta diretamente nas competições internacionais, pois mesmo com ótimos jogadores no elenco, outras seleções se tornam favoritas por terem um entrosamento bem maior que o Brasil.


(foto: Reprodução / Instagram @mrancelotti)

Devido à situação, é normal que um grande jogador por clube não desempenhe o que se espera na seleção. Outros também sofreram para obter esse sucesso. “Enquanto for protagonista do Real Madrid, creio que Vinicíus Júnior será titular do Brasil. Inúmeros jogadores passaram muitos anos com a imagem de render mais nos clubes do que na seleção e continuaram servindo seu país. Messi e Ronaldinho Gaúcho são dois bons exemplos neste século. Poucos treinadores são loucos a ponto de abrir mão de um grande talento, de um craque. Neymar sempre servirá a seleção por isso. O mesmo tende a acontecer com Vini Jr.”, explica Rodrigo Bueno.

Portanto, mesmo sendo complicado, é necessário que se tenha mais paciência ao julgar a necessidade ou não de se ter Vinicius Júnior na equipe principal, principalmente pelo fato de nas categorias de base ter somado 23 gols em 25 jogos, gerando grande destaque ao jogador de 2016 até 2018.

Por isso, o futebol se provou inúmeras vezes ser um esporte coletivo. Seleções passadas, as quais obtiveram sucesso, tinham os jogadores ideais em todas as posições, sem convocar aqueles apenas pelo peso no nome. Um exemplo claro dessa necessidade é a seleção brasileira da Copa do Mundo de 2014, a qual após a grave lesão de Neymar, não conseguiu se desenvolver, mesmo que na época, todos os jogadores estivessem em seus auges ou ao menos próximos disso.

Após a coletiva antes do jogo contra o Paraguai, pelas eliminatórias, o técnico Dorival Júnior comentou. “Estaremos na decisão da Copa do Mundo, podem acreditar. Podem me cobrar.”. Assim, o que resta ao torcedor é justamente torcer para que ele ou alguém tome as rédeas e encaminhe a seleção pentacampeã do mundo novamente ao topo do futebol.

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