Apesar de Bauru (SP) nunca ter eleito um prefeito de “esquerda”, esse ano o candidato Carlos Chagas (PSOL) será o representante nas urnas do município
Por: Juliana Ferreira Campos Giacon
Nas retas finais da campanha eleitoral de 2024, Bauru (SP) conta com 8 candidatos a prefeito. As eleições ocorrerão no dia 6 de outubro, o candidato eleito governará a cidade de 2025 a 2028.
Dentre os candidatos está Carlos Chagas, 42 anos, graduado e mestre em Ciências Sociais, pela Unesp, professor da rede estadual de ensino há 14 anos e diretor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Marcos é afiliado ao PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) desde 2010 e participa pela primeira vez de uma eleição municipal.
Com o histórico na educação, Chagas tem defendido diretrizes de combate à desigualdade a partir da valorização de professores e funcionários públicos, melhorias no sistema escolar (infraestrutura), além da qualidade no ensino.

Foto: Rafaela Nunes da Silva (Arquivo Pessoal).
“Sempre estudei em escola pública, desde o ensino infantil, ensino fundamental, ensino médio, faculdade, mestrado e doutorado”, Declara a eleitora do candidato Carlos Chagas, Rafaela Nunes da Silva, 35 anos. Ela é doutora em Biologia pela Unesp e atua como professora da rede pública de ensino há quatro anos.
Segundo Rafaela, “nossa cidade está abandonada, desde a educação e o não cumprimento da lei do piso do magistério, os desvios de verbas com material, um secretário da educação que é arquiteto”.
Mãe de dois filhos, Moreno (6 anos) e Poema (4 anos), que estudam na educação infantil municipal. Rafaela destaca que, “acredito que o candidato é o compreende melhor a necessidade real da maioria da população, e não apenas da elite bauruense. Por ser professor de escola pública, morador da periferia, usuário do SUS e militante ativo na cidade de Bauru a favor das causas sociais. Me identifico como professora de escola pública, ou seja, estamos acompanhando o projeto de desmonte da educação pública ao mesmo tempo que lutamos e acreditamos em serviços públicos de qualidade, como educação, saúde, acesso à lazer, cultura, meio ambiente, etc”.
O candidato é morador de um bairro periférico do município, Jardim Andorfato, e se apodera dessa questão para defesa da voz popular por meio de audiências públicas noturnas e nos bairros, propondo políticas públicas voltadas ao povo.
“Gosto bastante do projeto de participação popular, de ir até as comunidades em horários que a população possa efetivamente participar de debates públicos, dialogar com a prefeitura, ouvir, acolher e deliberar propostas baseadas em problemas reais da população, principalmente os trabalhadores. Ele [Chagas] é quem compreende melhor a necessidade real da maioria da população, e não apenas da elite bauruense”, afirma Rafaela.
Em sua campanha, Chagas traz A Lei Orgânica do município como ponto fulcral no combate à desigualdade socioeconômica.
“Sou moradora da área central da cidade e acompanhei o aumento do número de pessoas morando na rua da cidade de Bauru. Assim como o aumento de pessoas vendendo informalmente nos semáforos da cidade. Estamos em uma crise econômica e social que precisa ser debatida na nova gestão municipal. Outra lacuna que observo é a falta de leitos na área da saúde, a falta de profissionais. A questão ambiental e a falta de cuidado e preservação com o meio ambiente o que intensifica na crise hídrica da cidade. Enfim, a cidade precisa urgente de uma administração pública voltada aos interesses e necessidades da população e comprometida com as mudanças climáticas”, diz Rafaela.
Com esperança de renovação e mudança Rafaela reitera “eu, como professora, preciso acreditar que meus colegas, que vivem a educação, acreditam nela como ferramenta de luta e mudança social, e não como mercadoria. E para isso, nós professores, precisamos ter um olhar diferenciado ao estarmos convivendo diariamente com pessoas diversas e suas singularidades”.

Já Geovana Maria Dourado Jupi, 27 anos, é manicure e moradora de um dos bairros que tem sofrido com a crise hídrica do município. Eleitora declarada do candidato, para ela “o parlamentar não pode apenas se preocupar com a falta d’água quando ocorre, o trabalho preventivo tem que fazer parte do escopo de trabalho do eleito. Hoje o que vivemos é o descaso do poder público associado a uma má gestão”.
Em seu plano de governo, Marcos Chagas tem debatido a gestão hídrica, trazendo propostas como: cuidados ao meio ambiente (priorizando as nascentes), reserva hídrica nos períodos chuvosos, integração dos poços, reestruturação e fortalecimento do DAE (Departamento de Água e Esgoto) e a continuidade e finalização da ETE (estação de tratamento e esgoto) com recursos públicos.
“Infelizmente observamos que pelo porte e importância de Bauru, a cidade não pode ser considerada modelo na região. Noto que não houve uma preocupação dos governos anteriores com as questões ligadas ao meio ambiente. Hoje vemos as consequências quando abrimos as torneiras de nossa casa”, enfatiza Geovana.
Em sua campanha, Chagas defende a acessibilidade e mobilidade através do projeto de “tarifa zero”. Geovana acredita que “essa proposta é fantástica, pois dá a possibilidade de pessoas com menor poder aquisitivo ir e vir se apropriando de espaços que, por vezes, não poderiam ir. Um exemplo é levar os filhos ao parque Vitória Régia, localizado na área central da cidade. Outro ponto é a possibilidade de diminuir veículos nas ruas e com isso combater a poluição ambiental e sonora”.
Reforçando as bandeiras sociais de assistência social, trabalho e economia, mobilidade (transporte), reformas urbanas, visibilidade (desigualdade de gênero, racismo, sexualidade e diversidade), participação popular e movimentos sociais, política cultural e meio ambiente. O candidato professor Carlos Chagas junto ao seu vice Hilton Capoeira, representará a “esquerda” nas eleições que ocorrerão no próximo domingo (6).
