A perspectiva dos alunos da comissão de frente
Por Letícia Reis dos Santos e Marina Longhitano
Membros da Comissão Organizadora (Foto: Letícia Reis/Jornal Contexto)
No dia 23 de setembro, iniciou-se, na Unesp Bauru, a Semana de Jornalismo com tema “Tradição e Transformação: 40 anos de Jornalismo Unesp”, mas, para Gean Calça e Giovanna Moreto, estudantes do terceiro e quarto ano de jornalismo, a agitação começou um mês antes, em agosto. Com a data para a abertura das palestras definida, a corrida contra o tempo começou e as dificuldades carregadas de emoção passaram a dar as caras.
O evento contou com quatro grandes mesas, dois debates, sete diálogos especializados e 17 oficinas que atraíram um público de 403 pessoas, sendo 31 dessas de fora da universidade. Para tudo fluir corretamente, foi criada, como de costume, uma comissão organizadora, que dessa vez foi comandada por Calça e Moreto. A mesma possuía 65 membros, também estudantes de jornalismo de diferentes períodos.
Crachá de participante da Comissão Organizadora (Foto: Letícia Reis/Jornal Contexto)
A Semana de Jornalismo, evento especial para o curso de Comunicação Social, já é tradição e aguardada anualmente pelos alunos que se interessam pelas atualizações e novas discussões da área. Levando em consideração a importância que possui, os alunos poderiam ter se sentido abarrotados de pressão, porém, ao contar uns com os outros, lidaram bem com a situação. “As dificuldades sempre aparecem, mas esse ano foi mais tranquilo, foi mais fácil de lidar porque tinha mais pessoas ali envolvidas”, diz Giovanna, que já esteve inserida em quatro comissões e, apesar da ajuda, admite que estar na liderança aumenta o nervosismo.
Em uma comemoração deste porte, toda ajuda é bem-vinda e os organizadores deste ano puderam contar com o apoio dos estudantes e de alguns professores. “Se não fosse a iniciativa estudantil, a gente talvez não teria essa Semana de Jornalismo. Vou dizer em palavras claras isso”, desabafa Gean, ao sentir falta de um maior apoio com relação às questões burocráticas.
O estudante, que assumiu um cargo financeiro dentro da comissão, conta que afligiu-se a respeito do pagamento dos palestrantes por não estar familiarizado com os trâmites necessários dentro da universidade pública para realizá-lo. Suas incertezas o fizeram cogitar a possibilidade de adiamento, mas conseguiu contornar a situação apoiando-se no Departamento de Comunicação Social (DCSO).
Giovanna não se isenta deste sentimento. “Acho que falta um pouco mais de apoio da faculdade e do departamento. Eu sei que eles dão aula, que eles têm outros projetos, mas eu sinto que falta esse apoio de alguns professores”, relata a aluna, que também não estava familiarizada com os procedimentos legais.
Para Gean, a maior diferença entre estar na comissão e organizar a comissão é a constante preocupação com a vontade do aluno. Essa inquietação trouxe à tona um novo formato, os diálogos especializados, que por mais que ainda precisem de aprimoramento, o aluno nomeia como destaque da edição deste ano.
“A gente conseguiu abordar muitas áreas do jornalismo, né? O jornalismo como uma gama muito grande de frentes que você pode trabalhar e atuando até como inspiração para essas pessoas. Então, acho que o grande destaque foi os 40 anos de curso sendo inspiração para os estudantes reconhecerem qual local eles querem estar”, afirma Calça, ressaltando o cuidado com a seleção dos palestrantes, em sua maioria, formados pela Unesp, trazendo, assim, uma perspectiva do mercado de trabalho aos futuros atuantes da profissão e criando um espaço de interesse do ramo pelas universidades e vice e versa.
Recepção da Mesa de Encerramento da ‘Semana de Jornalismo 2024’ (Foto: Letícia Reis/Jornal Contexto)
Durante o planejamento, Giovanna também priorizou os alunos, levando em consideração sua posição como estudante. “A sensação é que a gente fez a semana para aluno, então é de aluno para aluno. Além da comissão, a gente tenta pensar o que gostaríamos de ver e, quando isso se concretiza, é simplesmente incrível”, explica a organizadora.
Mesmo com todos os problemas, o trabalho deles valeu a pena. “Foi complicado. Foi sofrido. Foi desgastante, essa é a palavra”, assume Gean. O universitário acrescenta alegria ao ver seu trabalho finalizado com mérito: “a sensação que fica é de um peso que saiu das minhas costas, mas também de muito orgulho”, conclui.
O posto de liderança de Giovanna foi assumido pelo pedido feito do ex-coordenador do curso, Osvando José de Morais que, em julho, faleceu. “Ele [Osvando] me chamou para uma reunião e pediu que esse ano novamente eu encabeçasse a semana. E eu disse a ele que sim, que eu iria cumprir. Então, realmente é muito emocionante chegar no encerramento e ver que tudo deu certo”, finaliza Giovanna, com emoção.
