Único candidato de esquerda, Marcos Chagas traz esperança de mudança fazendo campanha de oposição na cidade de Bauru.
Por Bárbara Lo Prete
Nascido em Formosa do Oeste, interior do Paraná, Marcos Chagas cresceu tendo acesso à educação pública e tendo que trabalhar para ajudar em casa. Frequentador da igreja, já aos 13 anos começou a se envolver no movimento “Fé e Política”, fazendo com que desde muito cedo se envolvesse com os bastidores, discussões e debates políticos que já o encantavam na época.
Durante o ensino médio decidiu deixar os estudos para se concentrar na carreira profissional, sem concluir o segundo grau.
Mas a história de Marcos teve uma reviravolta quando, aos 23 anos, já trabalhando na maior capital do país, decidiu retornar aos estudos em busca de uma vida que fosse mais ao encontro com o que ele acreditava.
“Eu achava aquilo tudo muito frio e mecânico e a perspectiva que eu pudesse viver uma vida inteira trabalhando em escritório me assustava demais. Eu pensava algo muito mais humano, lidar com pessoas e não documentos e papéis, precisava mudar e dar outro rumo pra minha história”, relata Marcos.
Ao concluir o ensino médio, o futuro professor prestou vestibular para ingressar em uma universidade e seguir por um caminho diferente, desta vez a carreira acadêmica. Aprovado na Universidade de Londrina (UEL), Chagas retornou ao seu estado de origem para cursar Ciências Sociais guiado pela vontade de entender o mundo. “O curso tinha tudo que eu queria aprender, filosofia, história, política. Me atraiu pelo conhecimento que eu poderia adquirir”, relembra.
Durante a graduação, passou pelo processo de entender que queria trabalhar com educação e se especializou em sociologia pela UNESP de Marília. Seguindo o desejo de trabalhar no interior paulista em uma cidade de médio porte, prestou um concurso estadual e, assim, seu caminho o trouxe até Bauru.
Professor da rede desde 2011, constituiu sua luta na cidade a partir do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo como coordenador da subsede de Bauru.
O Partido Socialismo e Liberdade (o PSOL) é sua casa política desde o fim da graduação, quando já estava envolvido com o movimento estudantil e sentia a necessidade de seguir com suas lutas no mundo para além da universidade.
“No PSOL estavam as principais pessoas que eu admirava e admiro politicamente, então quando eu encerro meu tempo na universidade e no movimento estudantil, eu me filio ao PSOL.”
Durante sua campanha, o candidato contou com o apoio de algumas iniciativas independentes como o coletivo Afronte, da Universidade Estadual de São Paulo do campus de Bauru. O coletivo redigiu uma carta com anseios da população universitária da cidade como melhora do transporte coletivo, incentivo ao lazer e cultura e maior atenção às crises de abastecimento de água e climática que afligem Bauru. O cofundador do coletivo, André Alves, se envolveu diretamente nas campanhas eleitorais dos candidatos do PSOL e relata a importância de um engajamento dos estudantes nas causas da cidade onde vão permanecer por, no mínimo, quatro anos.

“Essa desconexão com a cidade é prejudicial tanto para comunidade universitária como para Bauru, então, pensando nesse estreitamento procuramos demandas semelhantes entre os estudantes e o restante da população e elaboramos a carta programática”, explica André.
Marcos concorda com o coletivo quando traz a problemática da falta de água na cidade de Bauru e ressalta como esta afeta de forma mais agressiva as pessoas mais carentes, ligando sempre ao grande problema de saúde pública que atinge a cidade quando a estrutura é discutida. Complementa também trazendo a questão da falta de moradia e excedente de pessoas em situação de rua ou morando em ocupações.
Posicionando-se como candidato de um partido de esquerda, Chagas se coloca ao lado dos trabalhadores e dos mais pobres trazendo pautas como educação, saúde e moradia de qualidade para todos.
“A organização da estrutura pública deve ser voltada a garantir igualdade e garantir que o serviço público tenha qualidade e funcione pras pessoas se aproximando a uma condição de igualdade” , reafirma o candidato.
Dentre suas propostas, a mais discutida tanto pelo público quanto em debates é a tarifa zero nos transportes públicos e como ele executaria tal ação. Ele a usou como exemplo para dizer que existe um processo de construção de como implementar as ações que são propostas podendo acontecer como verba pública, em parte da iniciativa privada, entre outras formas.
“Isso é uma defesa de um posicionamento do que é direito a transporte. Existem modelos que podem ser dialogados. Nós não abrimos mão de que o transporte público seja gratuito, mas podemos dialogar qual a melhor forma de fazer”, completa Marcos.
O candidato finaliza explicando que seu processo de campanha eleitoral foi melhor do que esperavam e sua candidatura serviu inicialmente para fortalecer o partido na cidade permitindo que haja uma esperança, se não agora, para o futuro da cidade. Quanto às expectativas para o próximo domingo, Marcos diz que mesmo competindo contra candidaturas milionárias, têm esperança de um segundo turno. Se não, um caminho para construções futuras.
Marcos é inspiração para os jovens que lutam por uma sociedade mais igualitária. André relata que o professor se colocou à disposição para ajudar em todas as movimentações desde que o conheceu em 2021.
“A função dele é ser faísca. Tudo que ele pudesse fazer para ajudar as pessoas a lutar por um mundo melhor, ele estaria ali. Ajudou a organizar diversos atos pela educação, contra reforma da previdência. Ele estava em todas.”
