As técnicas jornalísticas em narrativas sonoras foram o tema do diálogo especializado, programação da Semana de Jornalismo, com participação de Paula Scarpin e Flora Thomson-Deveaux.

Por Luiza Lima

Paula Scarpin durante apresentação (Foto: Luiza Lima)

A diretora de criação da Rádio Novelo, Paula Scarpin, trouxe seu olhar experiente de uma carreira de mais de 15 anos criando e produzindo conteúdo jornalístico sonoro para compartilhar com os participantes do diálogo.

Formada em jornalismo pela USP, ela diz ter escolhido essa graduação pelo seu amor pelo rádio. Em entrevista ao Jornal Contexto, Paula conta mais sobre o assunto.“Eu queria trabalhar com o rádio, porque escutava muito em casa, sempre tinha rádio ligado. Meu pai trabalhava dirigindo, então ele ouvia rádio o dia inteiro”, relembra.

Ela complementou dizendo que, na época de sua formação, seu objetivo era contar histórias e conhecer pessoas, mas que isso só seria possível no jornal impresso. “Eu gostava de entrevistar gente, ouvir as histórias. Na época, o que eu estava fazendo era cobrir o trânsito da Rio-Santos e eu não queria isso. Eu acabei indo para o impresso e foi muito legal”, declara.

Ao lado de sua esposa, Flora Thomson-DeVeaux, Paula destrinchou os passos adotados pela equipe da Rádio Novelo para contar histórias. Todos os processos preconizados pela Rádio e, propriamente, pela equipe, partem de histórias que se esforçam para serem perenes, que não são rasas ou finitas e que respeitam a estrutura narrativa do produto a ser desenvolvido.

Paula Scarpin e Flora Thomson-DeVeaux (Foto: Luiza Lima)

A diretora destacou como o jornalismo literário – tema do diálogo – pode ser identificado em suas produções. “Existem muitos processos. Desde fazer e decupar entrevistas, até entender sobre o que é a história, quais são as outras coisas que ela tem ligação. Eu acho que o jornalismo literário, combinado com a potência do áudio, se encaixa muito bem no que fazemos. A história em áudio pressupõe um ser humano com emoções”, explica.

Preparando uma sala de jornalistas para o cenário de podcasts, Paula distribui alguns dos melhores conselhos. “Ao contar uma história, as formas, rotas e contextos podem mudar no meio do processo. Por isso, é importante estar aberto à mudança”, diz.

Sobre o futuro dos ‘podcasts’, Paula Scarpin se diz esperançosa.“Caminhamos para a profissionalização das produções, e eu vejo possibilidade de muito crescimento. É muito democrático, qualquer pessoa tendo conteúdo e periodicidade, consegue atrair público”, comenta.

As entrevistas são as principais fontes de credibilidade e veracidade de um jornalista. Paula destaca a importância de se preparar para tal ocasião. “Antes, é importante mapear tudo que já foi publicado e dito para não ser pego de surpresa por um detalhe óbvio”, declara. Além de preparo, é importante fazer um bom roteiro, que conta com decupagem da história, sequência de fatos e a construção de pontes entre as partes dessa sequência. E claro que, parafraseando Flora Thomson, a realidade é a melhor roteirista.

Paula Scarpin em conversa com alunos de jornalismo (Foto: Luiza Lima)

Na rodada final de perguntas, Paula Scarpin contou qual é o segredo da Rádio Novelo para reter a atenção de tantos ouvintes por um episódio inteiro de uma série, como o que acontece em Praia dos Ossos. “O storytelling bem feito, a descrição com entonação, ambientação e música faz com que o ouvinte se envolva. Nós queremos que você dê o play e mergulhe”, finalizou.

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