Com a comemoração dos 40 anos do curso, a Semana de Jornalismo convidou profissionais de várias áreas para trazer conhecimento aos alunos

Por Isabela Santana

Na última quinta-feira (26), a Semana de Jornalismo da Unesp Bauru trouxe um diálogo sobre o Jornalismo Negro na Unesp. Entre os participantes estava Pedro Borges, jornalista egresso da Unesp, e co-criador do Alma Preta, uma agência de notícias e comunicação especializada nas temáticas étnicas e raciais no Brasil.

Durante a apresentação, Pedro falou a respeito do contexto da concepção da Alma Preta. “No momento em que eu era estudante havia uma discussão sobre a adoção da política de cotas na universidade, isso gerou uma grande mobilização entre os estudantes negros, é nesse momento que se contrói a Alma Preta”, afirmou o jornalista.

Em seguida, ele alegou que o Manual de Redação da Alma Preta não só ensina a como não ser racista no jornalismo, mas também expõe os ideais do veículo. “As pessoas perguntam se o nosso manual de redação é sobre como não fazer um jornalismo racista. O manual fala do nosso entendimento acerca do que é o fazer jornalístico, por exemplo, quais são os princípios éticos do jornalista e dicas de segurança para o repórter na cobertura de manifestações”, declara Borges. 

Pedro Borges (Fotos: Isabela Santana)

Após esse discurso, iniciou-se uma rodada de perguntas e respostas, com o intuito de estabelecer uma conversação entre os estudantes e os convidados.

Uma estudante o questionou em relação a como lidar com os discursos de ódio direcionados a sua pessoa com participação na entrevista com Pablo Marçal no Roda Viva. Ele falou da relevância de preservar o bem-estar mental e trouxe um ponto de vista positivo. “O cuidado com a saúde mental é muito importante, devido ao momento que a gente está vivendo. Por trás do ódio ao jornalista, há um ódio que tem pelas pessoas que estão ali, mas também é importante porque nós estamos incomodando eles, isso significa que o nosso trabalho está sendo feito”, diz Pedro.

Em entrevista para o Jornal Contexto, ele reiterou que no futuro, os jornalistas pretos terão mais visibilidade na mídia, porém a inclusão por si só não resolve os problemas, deve-se mudar também a linha editorial dos jornais. “Tão importante quanto a representatividade é a mudança do debate editorial no tocante ao entendimento político da superação da desigualdade racial no Brasil. Não adianta ter uma jornalista negra defendendo o genocídio de Israel, sem ter a crítica e o entendimento que isso também é uma dinâmica de supremacia racial”, alega Borges.

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