Membros do Biblioteca Falada ensinaram estudantes a promover a acessibilidade no jornalismo

Por Rodrigo Matias

“A acessibilidade é um direito, e é dever de todos promovê-la”. Assim se iniciou a oficina de acessibilidade em redes sociais com o Biblioteca Falada, válida pela Semana de Jornalismo de 2024 da Unesp de Bauru. O evento, que ocorreu na última quarta-feira (25), foi apresentado pela ex-coordenadora de comunicação externa do Biblioteca Falada, Tainá Bernardes, e pelo atual coordenador de comunicação do BF, Gabriel Almeida.

A oficina teve como principal foco conscientizar os estudantes sobre a importância de promover o direito à acessibilidade nas mídias sociais, visando democratizar o acesso digital às pessoas com deficiência. A ex-membro do Biblioteca Falada, Tainá Bernardes, comentou como é imprescindível pensar na acessibilidade antes de fazer um post. “ Quando você cria um conteúdo, você tem que pensar na acessibilidade, da mesma maneira quando se constrói uma casa, você pensa no banheiro e nos outros móveis antes mesmo de construir”.

A equipe do BF explicou sobre os conceitos de acessibilidade e de deficiência, além de apresentar as principais demandas do projeto, que são as deficiências visuais (cegueira e a baixa visão), além de outros distúrbios como o daltonismo. O Biblioteca Falada também mostrou os cuidados tipográficos adotados nas produções dos conteúdos acessíveis. As fontes escolhidas para os posts são sempre sem serifa ou sem caracteres que geram ambiguidade, além de optar por uma espessura mais visível e um contraste que seja mais fácil de compreender.

Projetos de Tecnologia Assistiva

O atual coordenador de comunicação do BF, Gabriel Almeida, deu continuidade à oficina e mostrou os projetos de tecnologia assistiva vinculados ao Biblioteca Falada, como o SIGA. Este é um aplicativo que funciona como um guia acessível para a cidade de Bauru, no qual são disponibilizados arquivos de áudio contendo informações gerais, histórias, curiosidades e áudio descrições detalhadas de locais de interesse. O aplicativo permite que os usuários se orientem espacialmente e identifiquem os pontos interessantes.

O desenvolvimento do aplicativo SIGA é um dos pontos de maior orgulho para o Biblioteca Falada, pois foi um projeto concreto que pode, e ainda, ajuda muitas pessoas, esse espírito de benevolência é o que move a instituição . “Todos nós somos apenas um perfil na internet, somos algo pequeno perto de um problema tão grande. Mas é importante começar de algum lugar”, apontou Tainá.  “O BF foi assim, começamos pequenos e posteriormente conseguimos movimentar a Universidade e também a cidade de Bauru”, complementou. 

Ao longo da oficina foram mostrados outros exemplos de ferramentas assistiva, como os leitores de tela, os textos alternativos e também as hashtags inclusivas. Todas essas ferramentas buscam democratizar o acesso aos conteúdos digitais. Talvez a mais conhecida, e também uma das mais práticas ferramentas, seja justamente a descrição de imagens. A equipe do BF ensinou aos estudantes como fazer uma descrição eficaz. “É importante sempre criar uma sequência lógica, descrever as cores da imagem, ser objetivo e não dar opiniões.”

Análise de Exemplos de Acessibilidade

Também foram analisadas as maneiras pelas quais os grandes portais de notícias, e também de redes sociais, trabalham com a questão da acessibilidade, especialmente em relação às descrições de imagens. Alguns posts foram selecionados como exemplos positivos e negativos para as descrições. Tainá Bernardes destacou a relação desses grandes portais com a acessibilidade: “Temos visto uma melhora, mas a maior parte das empresas fazem de qualquer jeito. A gente vê que as empresas vão atrás, mas só quando elas sentem a necessidade. Elas não entendem ainda que a acessibilidade é para todo mundo, o tempo inteiro, então falta essa conscientização no mercado como um todo”. 

No final da oficina, foi a hora de pôr a mão na massa. Os estudantes foram divididos em pequenos grupos e receberam uma foto ou ilustração para descrever de acordo com as técnicas ensinadas.  Neste exercício, os alunos simularam umas das principais demandas do projeto e viram a dificuldade dessa tarefa. Mas puderam entender a relevância da missão e agora podem proporcionar, cada vez mais, a acessibilidade no meio jornalístico.

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