Por Luiz Fhelipe Elisbão

Para o professor Juarez Xavier, é preciso repensar se o jornalismo especializado ainda faz sentido nos dias de hoje.Fazer jornalismo especializado nada mais é do que mergulhar de cabeça em um determinado assunto, é se aprofundar com clareza de que o tema seja entendido por todo mundo. É a força de vontade de criar algo na qual as pessoas realmente estão interessadas. Mas hoje em dia é cada vez mais difícil acessar esse tipo de conteúdo, não somente pelo mundo tecnológico mas também pelas pessoas.
No caso das Olimpíadas de 2024, fica claro o porquê do questionamento se o jornalismo especializado faz sentido. A cobertura foi inteiramente pautada em diversos assuntos, menos nas competições, que era o foco desde início. Boa parte da população estava focada em como os atletas vestiam e pouco se falava na quantidade de atletas refugiados que participaram dos jogos. Por isso é repensada a ideia de que o jornalismo especializado faz sentido.
Na cobertura dos jogos, a internet foi importante para apoiar atletas brasileiros. Exemplo disso foi o canal CazéTV que foi um dos maiores transmissores na internet das Olimpíadas. Ajudou a democratizar o acesso aos jogos, mas, por outro lado, a cobertura não foi bem-aceita, faltou uma cobertura humanista que busca entender a vida desses atletas e como fizeram para chegar onde chegaram.

“Espetáculo como produto” disse o professor, jornalista e atual vice-diretor da FAAC/UNESP, Juarez de Paula Xavier. Para ele, esses jogos foram uma tentativa de criar a jornada da heroína e do herói, sem relacionar toda a vivência em que essas pessoas passaram na vida.
Em uma era em que a diversidade de públicos e gostos parece cada vez mais fragmentada, o jornalismo especializado marca um verdadeiro crescimento a par das possibilidades de expansão que a Internet oferece.

Para Juarez, o “jornalismo especializado cria um leitor especializado” e é preciso procurar e achar a essência para fazê-lo, mas expandir isso em um mundo tecnológico no qual as pessoas não estão mais interessadas de verdade no assunto muda a percepção de alguns jornalistas, cria uma certa pressão para produzir o’que o público quer consumir.
Nos jogos de Paris, por exemplo, a audiência estava mais empolgada em criar uma rivalidade entre as atletas Rebeca Andrade e Simone Biles do que conhecer a história, Juarez cita Rayssa Leal: “os brasileiros estavam torcendo para uma menina de 11 anos cair”. Como explicou Juarez, ninguém sabia qual era a manobra que a medalhista olímpica fez ou os supostos erros que a Simone cometeu.
