A jornalista apresentou a oficina “Primeiros passos para a cobertura de agronegócios” durante a Semana de Jornalismo

Por Isabela Miyuki Oshiro


Mariana Grilli é jornalista especializada em agronegócios e, atualmente, é colunista do UOL e colabora com veículos como Globo Rural e Valor Econômico. E ministrou a oficina do último dia da Semana do Jornalismo com instruções e dicas de como cobrir agronegócios.

Ela começou sua aula explicando a importância da cobertura especializada em agronegócio. “Várias vertentes da sociedade precisam falar de agro e o jornalismo especializado é o meio de fazer isso”, disse. E ainda criticou a falta de conteúdo sobre agronegócio nas grades dos cursos de jornalismo, visto que o Brasil é conhecido pelo seu desempenho internacional no setor e faltam jornalistas especializados em larga escala.

Comentou também sobre as dificuldades de trabalhar numa área majoritariamente masculina, contou alguns casos de machismo que já sofreu e como lida com essas situações. E durante a palestra, propôs uma atividade aos ouvintes para que discutissem quais eram as responsabilidades do jornalismo especializado em agronegócio, e até pensassem numa possível pauta.

Ela exibiu aos alunos da oficina motivos e práticas da cobertura especializada. Entre os motivos estão: o econômico pois é um dos principais setores que têm consequências em diversas outras áreas; o ecológico com relação ao uso da terra e recentes queimadas com perda da vegetação; e a alimentação da população, de um ponto de vista mais crítico, dado que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo mas tem mais de 8 milhões de pessoas em insegurança alimentar (Agência Gov). 

Já nas práticas, Mariana destacou a importância de prestar atenção tanto na grande indústria quanto na agricultura familiar. A indústria é um modelo de negócio bilionário que é movido pelas commodities, mas a agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos consumidos no país (IBGE). 

“Não podemos esquecer de olhar para essa produção de alimento que abastece a sociedade [brasileira] na prática”, explicou. A jornalista também ressaltou o uso de linguagem adequada nos textos, que podem ser direcionados para o público de produtores, indústrias e/ou consumidores finais.

Ela explicou ainda algumas entidades de classe que são fontes de dados importantes para uma cobertura rica, como ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) e Aprosoja (​​Associação Brasileira dos Produtores de Soja).

Por último, mostrou aos alunos as áreas de trabalho possíveis do jornalismo de agronegócio, como na redação da imprensa especializada, em agências de assessorias e comunicação interna. E órgãos como Agrojor (Rede Brasil de Jornalistas Agro) e IFAJ (Federação Internacional de Jornalistas de Agronegócio) para apoio profissional. Mariana evidencia ainda a falta de profissionais especializados no Brasil, e internacionalmente, na área do agronegócio, e como essa falta de mão de obra resulta em análises injustas feitas pelos não especializados.

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