Unesp de Bauru comemora aniversário de curso com uma edição especial da Semana de Jornalismo

Por Luana Lara e Maria Fernanda Bertolino

Durante os dias 23 e 27 de setembro, teve início mais uma Semana de Jornalismo da Unesp de Bauru. O evento, que ocorre anualmente, contou com uma edição especial, pois este ano se comemora os 40 anos do curso de Jornalismo, o único de universidade pública no interior de São Paulo.

Contexto histórico:

A história do curso se inicia antes mesmo da Unesp possuir este nome. Antiga Fundação Educacional de Bauru, a faculdade contava com o curso de Comunicação Social Polivalente, formação que foi criada em 1974 pelos professores Antônio Carlos de Jesus e Murilo César Soares. “Era um curso de graduação onde o egresso poderia reunir praticamente todas as habilidades profissionais do que é um publicitário, do que é [alguém de] relações públicas ou do que é um jornalista”, conta o jornalista aposentado Antônio Francisco Magnoni, mais conhecido como Dino.

Nos anos 80, teve início a Habilitação em Jornalismo do curso de Comunicação Social, e Dino, que entrou na universidade como discente no fim de 1982 e cursava relações públicas na época, fez a mudança para o novo curso. “Eu ingressei em relações públicas como a maioria da minha turma, mas queríamos todos jornalismo. Relações públicas porque era o curso de comunicação possível que nós tínhamos aqui”. Em 2 de julho de 1985, a Fundação Educacional passa a ser Universidade de Bauru.

O jornalista passa a lecionar na Universidade de Bauru em primeiro de agosto de 1987, atinge vários cargos de chefia durante sua carreira, como chefe do departamento de Comunicação Social. Neste cargo, foi responsável pela primeira reforma curricular significativa do curso de jornalismo da Unesp e trabalha na universidade até se aposentar em 2021. “Eu vivi essa história inteira”, afirma Dino, nostálgico.

Jornalista Antônio Francisco Magnoni (Foto: arquivo pessoal)

Os movimentos estudantis tiveram influência na luta que levou à estadualização da universidade. “A grande maioria da minha turma era engajada, gente que era contra a ditadura. Então o movimento estudantil se tornou bastante expressivo. Um dos  focos era exatamente a federalização da antiga fundação. E houve uma tentativa de estadualização posterior”, reconta Dino.

Em agosto de 1988, o Governo de São Paulo incorpora a Universidade de Bauru à Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, mas o curso de Comunicação Social: Jornalismo recebe sua nomenclatura atual de Jornalismo apenas em 2019.

Mudanças e crescimento:

Ao longo dessas quatro décadas, e após passar por diversas transformações, o número de alunos e professores cresce significativamente, e o curso consolida seu reconhecimento com premiações nacionais. Hoje, a universidade conta com cerca de 440 alunos matriculados no curso, e já formou mais de 3000 jornalistas.

Em 2018, obteve a nota máxima no ENADE, sendo classificado entre os cinco melhores cursos de Jornalismo do Brasil. Além disso, em 2020, o curso foi o único no país a receber 5 estrelas no Guia da Faculdade, um reconhecimento de sua excelência acadêmica e do comprometimento com a formação de profissionais altamente qualificados.

Contribuições e histórias:

Entre os ex-alunos formados pela Unesp está Tainá Goulart, fundadora da revista digital GouMag e palestrante durante a Semana de Jornalismo. Ao falar sobre sua experiência de retornar à universidade após 11 anos de formada, ela utiliza uma metáfora que reflete seu crescimento pessoal e profissional. “Eu sempre quis voltar! Eu andava com a minha mochila para lá e pra cá e passava o dia inteiro aqui. Agora que eu tenho um filho, eu trago uma outra bagagem, eu voltei com uma mala! Mas continuo com a mesma energia”.

Tainá Goulart (Foto: arquivo pessoal)

Tainá também ressalta o peso que o nome da universidade carrega em sua trajetória. “Eu acho que o nome Unesp, por ser uma universidade pública, tem um peso muito significativo. Os professores, principalmente da grade curricular, são muito renomados. Tudo o que eu aprendi nas aulas — como me posicionar, como falar para a câmera, como eu faço um discurso — me ajudou e são muito utilizadas por mim pelo menos até hoje”.

Thiago Theodoro, jornalista e apresentador do podcast Me Conte uma Fofoca?, também compartilhou suas impressões. “Na época era muito importante você ter feito uma boa faculdade quando você ia pro mercado de trabalho. Eu tenho certeza que a faculdade foi um momento que pegaram o meu currículo e falaram ‘Tem coisa boa aqui, também tem uma boa faculdade’”.

Jornalista Thiago Theodoro (Foto: arquivo pessoal)

Ele acrescenta: “Eu já era politizado, mas aqui havia um caldeirão de coisas acontecendo, de discussões sobre política que me interessavam muito. Havia uma coisa que mudou totalmente a minha vida, que era um grupo de direitos humanos do qual eu fazia parte. Então, são coisas que me formaram muito como cidadão”.

Além das experiências de Tainá e Thiago, iniciativas como o Voz do Nicéia exemplificam o compromisso da Unesp em promover uma formação que vá além do técnico, focando também em questões sociais e culturais. O Voz do Nicéia, projeto de extensão com foco no Jornalismo comunitário, tem como objetivo ser um mediador entre a comunidade do bairro Jardim Nicéia, os órgãos públicos e o restante da cidade.

Expectativas futuras:

Após 40 anos de história e diversas conquistas, o curso de Jornalismo ainda tem um longo caminho a percorrer. “Eu vejo um grande futuro para a nossa produção. Estamos o tempo inteiro com investimentos em pesquisas e em informação”, afirma o coordenador de curso Denis Renó.

Jornalista e fotógrafo Denis Renó (Foto: arquivo pessoal)

Quando questionado sobre as expectativas em relação ao futuro do jornalismo ele comentou: “As maiores! Eu sou muito otimista com relação ao nosso futuro e tenho um prazer real pela profissão”. Acerca da importância da profissão, reforçou: “enquanto houver populações, enquanto existirem sociedades sedentas por informação, o jornalista tem sua relevância”.

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