No dia 26, durante a semana de jornalismo, ocorreu um diálogo com foco em jornalismo negro e mídia anti racista, a convidada foi Stella Diogo, que compartilhou um pouco de sua experiencia como mulher negra no meio jornalístico.
Por Graziela Aguiar
Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto, Stela tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Jornalismo e Editoração ,e atualmente é produtora do Agência Pública, veículo independente no qual ela procura abordar pautas pretas e LGBTQIA. Stela também já fez parte da equipe do Alma Preta, agência de comunicação que aborda temas variados a partir de um olhar de jornalistas negros, no qual trabalhou como repórter.
A convidada compartilhou sua paixão pela comunicação e falou sobre a escolha do curso de jornalismo “essa escolha, e eu acho que ela perpassa mais do que só uma profissão. Eu acho que ela vai estar sempre relacionada ao nosso papel enquanto cidadão” destacando a função jornalística para e com a sociedade. Ressaltando o seu papel transformador e de caráter educativo, ao informar o público de todos os acontecimentos e de que forma isso afeta cada grupo ou população.
Stela também falou sobre as desmotivações de caráter racista que ouviu de sua própria professora quando expressou sua vontade de ser jornalista: “uma professora no ensino médio falou assim, nossa, mas você sabe que precisa pelo menos ser bonita para isso”. A mesma atribui esse fato ao racismo estrutural, assim acontece a todas as associações da população negra na área acadêmica, como se pessoas negras não pudessem ou não fossem capazes de ter uma graduação.

Durante o diálogo, Stela criticou “O olhar amplo” que seria a tendência de generalizar a experiência de uma população ou grupo, faltando pluralidade dos discursos, ressaltando a importância da linguagem utilizada “Como a gente está se referindo? Qual tipo de linguagem a gente está usando?” sempre lembrando da grande diversidade social e populacional.
Ressaltou que o compromisso com as pautas raciais , não se limita exclusivamente a mídias independentes, e como é de responsabilidade geral, apontar essas questões e dar foco a essas narrativas. “não um compromisso único, exclusivo da mídia preta, que debate essa temática”. Assim como a de não limitar jornalistas pretos a questões raciais, enxergando-os como profissionais plurais, capazes de trabalhar com assuntos distintos e em diversas áreas.
Falou também sobre a importância do consumo diverso de conteúdos midiáticos, na construção de um bom profissional jornalístico “acho que consumir também produtos, né, diversos formatos, eu acho que é super importante”. Saindo assim da própria bolha, entendendo as situações pelos diversos lados e pontos de vista diferentes, de que forma as pessoas estão pensando, o que estão discutindo, tendo como objetivo atingir diversos públicos.
Esse diálogo, promovido durante a Semana de Jornalismo, foi importante para que os alunos possam compreender um pouco mais o jornalismo negro e a mídia antirracista, mas também enfatizou a necessidade de uma prática jornalística mais consciente das diversas realidades que compõem a sociedade. Abordando temas de relevância social, e maneiras de tornar o jornalismo um campo mais diverso.
