Convidados discutem o papel dos veículos regionais na vida da população do interior do estado de São Paulo

Por Isabela Nascimento

Apresentação do jornalista Gabriel Pelosi (Foto: Isabela Nascimento)

Na última quarta-feira aconteceu a segunda mesa da Semana de Jornalismo da Unesp, campus Bauru. A importância do jornalismo local para o futuro da profissão foi o tema da palestra e trouxe os jornalistas do interior de São Paulo, Luis Negrelli, Mayra Malavolta e Gabriel Pelosi, para discutir a importância do jornalismo local, suas jornadas profissionais e os desafios da profissão. A apresentação da mesa foi feita pelo professor do Departamento de Ciências Humanas José Carlos Marques e mediado pela aluna do curso de jornalismo Jamily Rigonatto.

Os convidados iniciaram falando sobre porque escolheram o curso de Jornalismo e seu dia-a-dia na profissão. Gabriel Pelosi, jornalista em Bauru, contou que escolheu a profissão após enviar um e-mail durante a sétima série para o jornalista Gilberto de Weinstein, devido a uma atividade sobre análise de reportagem que seu professor havia passado. 

Essa rápida troca de mensagens despertou o interesse dele em seguir a profissão. O jornalista relata que a vontade de mudar o mundo, nos seus 16 e 17 anos, incentivou ainda mais, fazendo ele começar o curso de comunicação social na Universidade Mackenzie, em São Paulo. Depois da faculdade, ele voltou para Bauru e começou a trabalhar no Jornal da Cidade. Atualmente, ele é vídeo-repórter da TV Tem. 

Com a chegada de novas tecnologias e as compactações nas redações, ele contou que, hoje em dia, trabalha sozinho, exercendo as funções de repórter e cinegrafista ao mesmo tempo.

“A gente tem um equipamento hoje que chama Mojo, Mobile Jornalismo, uma maleta que tem um celular, dois microfones, um embaixo do outro, um é sem fio, o outro com fio, uma iluminação, um powerbank e um modem de internet”. Ele explicou que é assim que a sua emissora trabalha atualmente.

Outro tópico mencionado pelos palestrantes foi o processo de encontrar notícias relevantes. Cidades menores costumam não ter tantos acontecimentos que saem do comum, então é preciso procurar pautas de uma maneira diferente. Gabriel explica como é o seu processo de encontrar pautas.

“Uma das minhas funções é passar no plantão policial. Então eu passo lá, vejo o que tem de ocorrência, separo alguns assuntos que possam ser interessantes e já passo para o nosso grupo ali da TV, que envolve G1 e toda a produção lá da TV Tem”. Ele explica ainda que “muitas vezes as pautas são frias, às vezes não acontece nada, mas a gente tem que estar muito atento. Então, assim, um exemplo de pauta é tentar tirar de uma observação do nosso dia a dia”. 

O jornalista também diz que o repórter sempre está na rua, então é importante ele observar a cidade e ver se tem algum problema, porque muitas vezes isso pode virar matéria.

Com a internet, se tornou muito popular a existência de páginas nas redes sociais que reportam o que anda acontecendo na cidade. Esses conteúdos são bem populares em cidades menores, que acabam não tendo muita atenção midiática, porém a diferença desse trabalho com o jornalismo é significativo, porque muitas páginas não fazem uma apuração detalhada. 

“A gente tem a nossa forma de fazer apuração de tudo. Hoje tem muito perfil de Instagram, que se diz fazer jornalismo né, ou até tenta fazer jornalismo mesmo. A gente até observa, mas não leva tão a sério. Muita coisa chega ali de factual, muita mesmo”, explicou Gabriel Pelosi.  Ele afirmou que até vê essas postagens, mas não corre para dar a informação primeiro, ele e os outros repórteres passam para a produção, para depois checar se essas postagens são verídicas.

Ele finalizou ressaltando o papel do jornalista regional. “Enfim, o factual também muda toda a nossa rotina quando isso acontece. O jornalismo local é isso, é o que muda a vida das pessoas”.

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